A direção do Sindicato dos Rodoviários diz que entrou em acordo com donos das empresas de ônibus de Salvador, na tarde desta segunda-feira (26). Ambos afirmam que aprovaram a proposta da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE). Entretanto, uma parte dos rodoviários rejeitou a proposta e parou os coletivos nas ruas da capital baiana, por volta das 14h. Eles declaram que uma greve continua confirmada para terça-feira (27). Já o vice-presidente do sindicato, Fábio Primo, afirma que com o acordo, a greve da categoria foi suspensa.
A proposta mediada pelo SRTE garante reajuste salarial de 9%, incidindo sobre o tíquete refeição e todas as cláusulas econômicas; jornada de trabalho de sete horas com intervalos de 20 minutos; e comprometimento das empresas de não discriminar o trabalho feminino nas suas áreas operacionais. Em nota, o sindicato informou que os trabalhadores rodoviários aprovaram, em assembleia geral na tarde desta segunda-feira, às 15h, o acordo proposto pela SRTE e a suspensão da greve que estava marcada para começar à 0h de terça-feira.
Também por meio de comunicado oficial, o Setps (sindicato que representa as empresas de ônibus), afirmou que o acordo assinado na tarde desta segunda-feira põe fim à ameaça de greve da categoria. “Os protestos isolados realizados por dissidentes em alguns pontos da cidade não refletem o posicionamento dos trabalhadores rodoviários”, diz a entidade. Os motoristas de ônibus de Salvador que não aceitam o acordo pararam coletivos em diversos pontos da capital baiana. No bairro da Sete Portas, em frente ao Sindicato dos Eletricitários do Estado da Bahia (Sinergia), local onde estava marcada a assembleia da categoria, o trânsito ficou parado. De acordo com a Transalvador, também houve parada de coletivos nas Estações Pirajá e Mussurunga, Rótula do Abacaxi, Barros Reis, Amaralina e Campo Grande.
Os coletivos pararam de circular na Estação Mussurunga no início da tarde, segundo informações da Transalvador e da Polícia Militar. A PM afirmou que não houve confusão na estação, e que a situação era considerada tranquila. Por volta das 18h30, a Transalvador informou que os ônibus começaram a sair das Estações Mussurunga e Pirajá e que o trânsito nos locais estava melhorando, mas que ainda era lento.
Assembleia
Ao site G1, um rodoviário que liderava o movimento na sede do Sinergia, que contestava a informação do sindicato, afirmou que não tinha havido votação por parte deles. “O presidente do sindicato chegou, conversou com a diretoria sindical e vetou a subida dos rodoviários. Achávamos que eles iriam descer para apresentar as propostas, mas não. Saíram daqui escoltados, com segurança”, afirmou o rodoviário Carlos Alberto.
A diretoria do sindicato negou a informação, dizendo que a assembleia ocorreu no horário marcado, às 15h, e houve uma aprovação das propostas da SRTE. O vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários, Fábio Primo, disse que tem registro da assembleia realizada, e poderia comprovar a realização por meio de fotos e ata do encontro. Ele chamou de “minoria” os trabalhadores que disseram que não participaram da votação e que discordam da aprovação dos itens.
Durante a permanência da categoria na sede do Sinergia, na Sete Portas, os líderes do encontro informaram que cerca de dois mil rodoviários participaram da reunião. Eles disseram que iriam manter a paralisação a partir de terça-feira (27), como já haviam divulgado à população. Ainda na sede do Sinergia, os líderes do encontro pediam aos rodoviários para que eles voltassem aos seus postos de trabalho pelo menos nesta segunda-feira, a fim de manter o transporte aos passageiros na volta para casa.
Os rodoviários que não aceitam o acordo voltaram a trabalhar, mas decidiram que vão se concentrar na sede do Sinergia às 21h, desta segunda, com o objetivo de seguir para as empresas de ônibus contrárias a que trabalham. A ação é para que eles possam ficar com os veículos em mãos e que os empresários não guardem os ônibus nas garagens das empresas de origem. No final da tarde desta segunda, rodoviários que não concordaram com a proposta também fizeram uma grande fila na entrada da Estação da Lapa.
Prefeitura
O prefeito ACM Neto afirmou por meio de nota, nesta segunda-feira (26), que acreditava no acordo entre os sindicatos dos empresários e dos rodoviários e que a decisão tomada em assembleia é consequência das negociações entre ambas as partes. “Conversei várias vezes com os representantes do sindicato patronal e dos rodoviários e pedi maturidade e bom senso entre os dois lados. Felizmente, o trabalho deu resultados e os rodoviários decidiram manter toda a frota em funcionamento em Salvador”, afirmou o prefeito através de comunicado oficial. ACM Neto disse, ainda, que mantém o compromisso de conversar com o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros, para pedir agilidade na votação do Projeto de Lei que reduz a carga horária dos rodoviários. Texto extraído do Portal G1.