Tania Nicole*
O clima de Copa está em todos lugares. O país do futebol se tornou o país do futebol do mundo inteiro. Nosso padrão Brasil de pior e mais caro cede o lugar a congratulações esperadas como “It´s great”(está ótimo). Os estádios, com a destinação dos recursos para sua finalização, foram apenas uma parte dos gastos. Obras mais caras do que o esperado e uma indignação que não se faz calar: mudar o país é mais importante que a Copa? Estão sendo destinados 50 mil ingressos gratuitos a beneficiários do Bolsa Família e representantes dos povos indígenas.
A Copa trouxe benefícios na área de turismo e geração de empregos, especialmente na construção civil. A maior parte dos gastos foi para transportes e aeroportos. Os estádios, a base de capital privado, serão fonte de lucro e não “elefantes brancos” para todo o sempre. Os investimentos resultarão em benefício para o país em longo prazo, pode-se acreditar? O que o povo brasileiro quer ver são melhoras no cotidiano. Assim como as necessidades da Fifa foram atendidas para a realização da Copa do Mundo no Brasil, por que não ter a saúde pública e a educação prontas para atender as necessidades do povo brasileiro?
Dentro das diretrizes gerais, as exigências de atendimento básico estariam cumpridas. Estamos vivendo uma árdua batalha contra a miséria e a favor da inclusão social. Estas e outras reivindicações tem seu lugar,sendo prioritárias, embora não pareça. Mais do que fazer jus ao país do futebol, é preciso voltar-se para as desigualdades sociais. Esta imagem, sim, perece.
As manifestações demonstram que o exercício da cidadania existe tal como as fortes emoções que o futebol desperta. A hospitalidade e alegria do povo brasileiro também pedem por ações concretas não só nesse momento de festa, mas sempre que necessário se fizer. O Brasil é um país democrático e as manifestações populares são um demonstração disso. Congratulations!
*Tania Nicole é jornalista