A Bahia guarda um lugar que pessoas do mundo todo procuram para recarregar as energias. Mas não basta viajar: tem que se deixar levar pela vibração positiva da Chapada Diamantina e, para isso, não há ponto de partida melhor do que a cidade de Lençóis. As sandálias de couro cru nas lojas lembram os tempos de jagunços e as pedras e casario colonial mantêm acesa a memória do garimpo. Com os pés nos paralelepípedos, há muito que caminhar, ver e sentir em Lençóis, a antiga capital do diamante, hoje cercada por áreas de proteção ambiental e belezas naturais.
De alma lavada
Com quedas de água de 35 metros a 55 metros, a deslumbrante Cachoeira do Mosquito ocupa merecidamente a 2ª posição no ranking dos atrativos de Lençóis no Trip Advisor (tripadvisor.com). Apesar do nome, não precisa caprichar no repelente. Ele teve origem na época do garimpo por conta dos diamantes pequeníssimos (mosquito) que lotavam o lugar. “Conheci várias cachoeiras, mas esta com certeza foi a que mais gostei.
Fui com amigos e ao chegar fiquei estupefata por tanta beleza. De tão bonita, nem parece que é real: parece uma pintura. O melhor banho de cachoeira num cenário incrível”, conta a paulista Letícia Castro, que esteve no local há dois meses. A trilha de dois quilômetros é considerada fácil. Mas se prepare: termina com travessia de rio com água pelo joelho e descida em barranco íngreme. Mesmo assim, a caminhada de 20 minutos vale todo o esforço.
Para conhecê-la, é preciso chegar de carro à parte superior e descer pela trilha (ou de rapel para os mais animados). É necessário comprar antecipadamente o voucher de R$ 10 em supermercados ou agências de turismo. Depois de tanta emoção e esforço, nada como um prato bem servido e saboroso para recuperar a energia. Lençóis é conhecida pelos bons restaurantes e opções é que não faltam. Somente na Rua da Baderna, no centro da cidade, há pelo menos cinco ótimos restaurantes, que vão de massas artesanais tipicamente italianas à culinária regional.
Uma ótima pedida – com pratos bem servidos e preços razoáveis – é o Garimpo Gourmet. Entre os mais pedidos da casa está a Carne de Sol na Pedra – servida com aipim frito, purê de aipim e arroz branco. Feche o dia com chave de ouro numa massagem relaxante. Alguns atribuem as boas vibrações da Chapada às formações rochosas da região. Por que, então, não experimentar o poder e a energia das pedras em seu próprio corpo?
Arte do cotidiano
No centro histórico de Lençóis, ou bem próximo dele, encontra-se um sem número de acessórios, opções de presentes e itens de decoração. No Atelier Ruzicka, as obras em ferro de Remigius “Remi” Ruzicka captam o cotidiano. “Tenho paixão por criar esculturas em movimento e máquinas sem propósitos ou utilidades específicas, apresentando uma obra ativa, comovente, alegre e, por vezes, melancólica”, descreve Remi.
Fascinado pela beleza da biodiversidade da Chapada Diamantina há 13 anos, Remi também encontra inspiração nos mais diferentes tipos de insetos da região. As peças são um charme para decorar qualquer jardim. Depois das compras, uma boa pedida é aproveitar a sombra das árvores no Café Ba-Cana, bar e restaurante. As mesas de madeira estão distribuídas na parte interna e no quintal do casarão, que vira pista de dança nos finais de semana, com seleção variada para quem gosta de boa música. Ponto certo de encontro entre turistas e moradores da cidade, o local é uma das poucas opções de vida noturna da cidade.
Por dentro de Lençóis
Aproveite que Lençóis é pequena, deixe as malas na pousada e não perca tempo. A cinco minutos do centro da cidade está o Serrano, região com poços naturais, cachoeiras e uma vista maravilhosa. Assim será possível ter uma noção do que lhe espera e já aproveitar para tirar o cheiro de cidade grande da pele.
Quando seu nariz já estiver acostumado ao ar puro da Chapada, caminhe pela cidade. No caminho, faça uma visita ao Pàdé Café Emporium. Lá, além de provar deliciosos cafés premiados nacionalmente, um bate-papo sobre o poder da aromatologia pode te curar de quase qualquer mal de cidade grande que resista a ir embora.
De noite, acomode-se no salão do Restaurante Cozinha Aberta para saborear o aroma e a visão do seu prato enquanto ele é preparado. A chef paulista Deborah Doitschinoff trouxe o conceito de Slow Food, que prega uma alimentação mais consciente, para a Chapada e utiliza em suas criações produtos locais, orgânicos e sustentáveis, combinados a ingredientes vindo de todas as partes do mundo.
“Todos têm direito ao prazer de comer bem e têm a responsabilidade de defender a herança culinária, as tradições e cultura que tornam possível esse prazer. O Slow Food segue o conceito de ecogastronomia, reconhecendo as fortes conexões entre o prato e o planeta. Bom, limpo e justo: é como o movimento acredita que deve ser o alimento”, explica a chef.
Muito complicado? Entenda melhor experimentando uma carne de sol com purê de banana-da-terra, farofa de castanha-do-pará e funghi, quiabo e arroz japonês. Se você é daqueles que, além de viajar para fazer trilhas, escolhem o roteiro pela gastronomia, se jogue!
Seu corpo, seu templo
Corpo é o ponto chave dessa viagem. Após seu primeiro banho de cachoeira na Chapada, aproveite para conhecer uma mania dos moradores da região: produtos artesanais para beleza e saúde.
A linha Natursense, por exemplo, é produzida por duas moradoras de Lençóis apaixonadas por plantas e bem-estar. Dizer que são sabonetes livres de derivados petróleo, parabenos, conservantes sintéticos e bases glicerinadas não te diz muita coisa? Pois bem, não duvide, a sensação de troca verdadeira da sua pele com os óleos essenciais que compõem esses sabonetes. Com certeza, isso irá te fazer entender melhor a magia nessa receita.
“A Chapada Diamantina inspira esse cuidado especial com nós mesmos e com tudo que nos cerca. Essa troca, ainda que em um simples banho, acontece de uma forma mais natural, mais prazerosa quando usamos produtos feitos também com essa inspiração”, comenta a jornalista Tássia Correia, que mudou-se para Lençóis há dois anos. Texto extraído completo do Portal iBahia (Correio 24h).