Acontece nesta segunda-feira (1º), a partir das 18h, a terceira ação do projeto Iluminai os Terreiros, cuja proposta consiste na criação de círculos de luz para iluminar lugares-nenhum, perdidos e desolados de Salvador e seu entorno. Desta vez, a iniciativa de Nuno Ramos, artista brasileiro com projeção internacional, tem como local a praia da Capela Santo Antônio Velasquez, em Mar Grande. A ação, que envolve a iluminação da área a partir de sete postes de eucalipto com cerca de nove metros de altura, integra às atividades da 3ª Bienal da Bahia, uma realização da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia/ Secult-BA.
O projeto Iluminai os Terreiros é uma ação propositalmente momentânea e efêmera. Não objetiva a recuperação posterior dos locais onde acontece (geralmente lugares abandonados), não quer propor nada de especial e nem sequer deixar rastros sobre sua realização. Seu único compromisso é com o impacto que os pontos de luz possam provocam nas pessoas. No máximo, trabalha com o efêmero que existem em todas as partes e sobre todas as coisas. As “lanternas” criadas pelo projeto, espalhadas por lugares distantes dos circuitos conhecidos de Salvador, iluminam faces ocultas da cidade, lugares-nenhum, perdidos, desolados.
Como nas outras vezes, Nuno Ramos acompanhará todo o desenrolar da ação em Mar Grande , tendo ao lado o cineasta baiano Daniel Lisboa, que vem registrando as interferências artísticas para a produção posterior de um vídeo. A primeira ação do projeto ocorreu no Parque do Vale Encantado (Avenida Paralela); a segunda, foi realizada numa fábrica de cimento abandonada, no subúrbio ferroviário de Paripe.
Nuno Ramos
Nuno Ramos já participou das principais bienais internacionais de artes do mundo, como a de Veneza, em 1995, quando representou o Brasil. Também venceu o prêmio Grand Award Barnett Newmann Foundation, em 2007 pelo conjunto de sua obra. Nascido em 1960, em São Paulo , onde vive e trabalha, formou-se em Filosofia pela Universidade de São Paulo em 1982. Artista plástico, compositor, cineasta e escritor, participou de diversas exposições coletivas e individuais, destacando-se em 2011 as individuais “Solidão, Palavra”; “Ai, pareciam eternas!”; e “O Globo da morte de tudo” (em parceria com Eduardo Climachauska).
Publicou em 2011 seu oitavo livro, Junco, pela editora Iluminuras, vencedor do prêmio Portugal Telecom de Literatura na categoria poesia. Em 2008, venceu Prêmio Portugal Telecom para melhor livro do ano com Ó, também da Iluminuras.