Por Olympio Barbanti Jr*
Mais interessante do que o primeiro debate, o confronto entre candidatos na tela do SBT trouxe perguntas mais afiadas, e candidatos um pouco mais soltos. Marina, com seu discurso “genérico e sem contraindicações”, continua se dando bem. Dilma marcou posição, e Aécio marcou o seu enterro.
Dilma Rousseff – Ela perde para si mesma. Incapaz de dar respostas contundentes, de criar frases de efeito, e de ser simpática, Dilma continua despejando a sua ladainha de números que cansam os ouvidos dos eleitores. Quando polarizou com Aécio Neves, ganhou o debate, mas pareceu bruta. Conseguiu levantar argumentos que desconstroem Marina: a candidata não sabe como financiar suas propostas, não tem base parlamentar, fala de forma genérica, tem propostas contraditórias, e não revela para quem prestou serviços na forma de palestras. Mas Dilma fez isso na linguagem rousseffiana: racional, não chega aos corações dos eleitores. Enfim, o problema é que Dilma deveria ter passado quatro anos se aperfeiçoando no discurso político, mas não desenvolveu a fala, o riso e a leveza de quem possui simpatia.
Marina Silva – É a força do genérico: cabe em qualquer prateleira. Continua na sua fórmula que (ainda) dá certo: critica o governo com mensagens simples, ao mesmo tempo em que esconde com um discurso de palavras agradáveis a fraqueza de propostas vagas. Tem o pedigree de um discurso acadêmico, a incrível capacidade de fazer uso de evasivas sem deixar marcas, e a habilidade de configurar mensagens inteligíveis, em sintonia com o entendimento do eleitor médio. No debate anterior centrou-se na falta de visão estratégia da presidente, e, neste, atacou a falta de humildade para reconhecer problemas e erros. Deu-se bem, mas algumas de suas vulnerabilidades começam a aparecer.
Aécio Neves – É o homem das neves: está na maior fria. Resolveu polarizar com Dilma, e ser brando com Marina. Assim, Aécio consegue apenas manter os poucos eleitores que ficam gritando “fora PT”, e permanece na expectativa de um refluxo do apoio à Marina. Porém, se deu mal no enfrentamento com Dilma, ao falar de segurança pública, e, pior, continua batendo na tecla errada ao dizer que o governo do PT fracassou. Se a sociedade morasse na crítica do PSDB ao PT, a vida seria um caos; ocorre que as pessoas percebem que não é bem assim… esse fracasso todo pintado pelo tucano. Ao mesmo tempo, Aécio não conseguiu marcar uma diferença em relação às propostas de Marina. Como se diz em Minas: achou que era o “bonitão da bala Chita”… e está virando goma da seringueira, a hevea brasiliensis.
Os pequenos
Luciana Genro – A guria continua com a estratégia do Psol de bater em todos os demais candidatos e, em especial, no capital financeiro. Mantém coerência própria de centro acadêmico de universidade pública.
Eduardo Jorge – Continua arrancando risos, e fará seu partido renascer das cinzas. Melhor desempenho desde a época em que o PV de Fernando Gabeira cabia em uma sala de estar de algum apartamento na zona sul do Rio de Janeiro.
Levy Fidelix – Perguntado se o seu partido não é legenda de aluguel, reagiu de forma tão virulenta que parecia alguém que levou um dedo na ferida, sim, na ferida.
Everaldo Pereira – Ficou de calças curtas ao ser revelado que é separado da primeira mulher, de quem sofreu um processo por agressão. Acusou o golpe.
Olympio Barbanti Jr. é jornalista pela Faculdade Cásper Líbero (SP), fez mestrado em Desenvolvimento Social na Universidade de Wales e obteve PhD em Políticas Sociais pela London School of Economics (LSE). Possui uma especialização em Gestão de Conflitos, pela Universidade de Colorado, Boulder.