As duas líderes da disputa presidencial escolheram estratégias semelhantes para a última semana da campanha. Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) estão apostando no poder da televisão, seja na propaganda eleitoral, seja na participação em debates e aparições em telejornais, para forjar sua atuação antes do segundo turno. Correndo por fora, em terceiro lugar, o tucano Aécio Neves tentará seu último esforço de olho no voto anti-Dilma e apostando em dissidências no voto de Marina. Nos últimos dias, Dilma cancelou sua participação em três grandes comícios da campanha em função do desgaste da presidente. Ela se ausentou em eventos que foram realizados em Pernambuco, no Rio Grande do Sul e em Brasília. Dilma tem dado sinais de desgaste na voz e até reclamado disso durante entrevistas coletivas. Esse cansaço de final de campanha é o principal motivo para que a presidente priorize agora suas aparições na TV.
Na última sexta-feira (26), a presidente gravou junto com o ex-presidente Lula para o programa eleitoral que será usado nesta última semana. Além disso, a presidente deverá dedicar um dia na preparação para o debate que será realizado na Rede Globo, na quinta-feira (2), considerado o mais importante debate da campanha. Corpo a corpo mesmo, Dilma fará em duas oportunidades como os dois grandes eventos de encerramento da campanha no primeiro turno. A presidente vai a São Paulo nesta segunda-feira (29) para um ato ao lado de Lula e do ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que disputa o governo paulista, mas ainda não foi capaz de atrair votos e patina na terceira posição numa campanha que deve ser definida em favor do tucano Geraldo Alckmin no primeiro turno.
Dilma também participará de uma carreata ao lado do ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Fernando Pimentel, que lidera a disputa pelo governo mineiro. O percurso inclui bairros da capital mineira e cidades da grande Belo Horizonte. Além desses dois atos, Dilma deverá chamar novas coletivas no Palácio da Alvorada e assim aproveitar o espaço nos telejornais.
Marina Silva
A exemplo de Dilma, Marina também deverá ter uma última semana sem grandes atividades. Marina deverá evitar viagens na última semana justamente para poder dedicar tempo a gravações do horário eleitoral e preparação para o debate da Rede Globo. Ela reservou esta segunda para um ato ao lado do candidato do PSB ao governo pernambucano, Paulo Câmara (PSB-PE), que recentemente ultrapassou o adversário Armando Monteiro (PTB-PE) nas pesquisas eleitorais. Sua passagem pelo estado será para atender a um pedido especial de Câmara, que solicitou o reforço final de Marina.
“Sobrevivemos a essa onda grande de ataques e a campanha se manteve resistente em meio a esse arsenal de Golias. Nossa avaliação é que a campanha deu certo”, diz Walter Feldman (PSB), um dos porta-vozes da campanha socialista. “Foi uma campanha que não se utilizou do vale tudo, foi uma campanha programática e não tem porque mudar isso agora. Vamos fazer na reta final aquilo que nos trouxe até aqui, manter a coerência e a linha programática”, acrescenta ele.
Sobre ataques dos adversários, Feldman assegurou que Marina não deverá gastar o pouco tempo que tem até o dia da eleição atacando adversário e que também deverá evitar entrar na onda de bate-boca de final de campanha. “Não vamos perder tempo com isso. Além do mais, quando nos atacam, nossos adversários gastam seu tempo. Os adversários perdem tempo atacando Marina”, afirma ele. “Vamos mostrar que é possível avançar nas conquistas sociais muito mais do que o que foi feito por esse governo do atraso”, acrescenta ele.
Além da passagem por Pernambuco, Marina também deverá cumprir agenda no Rio de Janeiro e fazer um ato em São Paulo, reforçando a campanha no maior colégio eleitoral do país e assim permanecendo próxima ao seu comitê sede e aos locais de gravação da propaganda eleitoral. “Não dá muito tempo para sair daqui” por causa de debates e gravações para o horário eleitoral”, diz Feldman.
Tudo ou nada
A campanha tucana vai para o tudo ou nada. E nesse esforço final a ideia é otimizar os recursos partidários. E por recursos, ênfase aos recursos humanos. O PSDB planeja nesta última semana fazer uma campanha frenética para tentar levar Aécio ao segundo turno. O partido deverá usar seus principais quadros para buscar votos ao eleitor anti-Dilma e anti-PT e também o eleitor que ainda não está totalmente seguro quanto a Marina. Daí pretendem explorar muito ataques a candidata do PSB sob o argumento de inexperiência.
Nessa estratégia, José Serra, Geraldo Alckmin, Aloysio Nunes e todos os nomes de peso do partido serão acionados para reforçar esse discurso. O próprio Aécio, ao contrário de suas adversárias, não deverá diminuir o ritmo da campanha, que aliados reconhecem, tem sido intenso para o próprio Aécio. O comitê tucano identificou tendências de queda nos índices de Marina e pretende explorar esse ponto fraco da adversária com vigor. Daí abusará do discurso da experiência e do preparo de Aécio e vender a ideia de que Marina não tem condições de realizar a mudança que o eleitor desejaria.
Durante os atos, os tucanos procurarão passar uma imagem de otimismo e de crença na virada que poderia levar Aécio a disputar o segundo turno. A regra é empenho total até o último instante. Os candidatos a disputas proporcionais também deverão ter papel importante nesse trabalho final da campanha, já que os aliados de Aécio ainda apostam que é preciso combater o desconhecimento do nome do candidato. Por isso, os candidatos a deputado poderiam fazer um trabalho de formiga levando o nome de Aécio ao eleitor. Extraído do Portal iG.