Apesar da derrota do presidenciável Aécio Neves (PSDB) para a presidente Dilma Rousseff (PT), numa eleição histórica que deixou todos em estado de alerta até os últimos minutos da apuração, os aliados baianos do candidato tucano avaliaram que a oposição saiu mais fortalecida das urnas com o resultado de ontem. Na Bahia, a petista mais uma vez alcançou votação expressiva com mais de 70%, porém consta que o adversário teria conquistado a meta de quase 30% dos votos que os oposicionistas tinham anunciado no início da corrida pelo segundo turno. O cenário apertado, com pesquisas dando empate técnico, foi um grande incentivo para que o grupo viajasse até Belo Horizonte (MG), para acompanhar ao lado do tucano o fechamento das urnas.
O prefeito ACM Neto (DEM), que havia expressado a confiança mais cedo, lamentou a derrota, mas logo tratou de parabenizar a presidente reeleita, com votos de que “o segundo mandato seja melhor que o primeiro”. “O Brasil sai muito maior destas eleições e o resultado das urnas deve ser respeitado porque expressa a vontade da maioria”, disse. O democrata, atual líder da oposição no estado, afirmou que a eleição mostrou um “grande sentimento de mudança e a presidente precisa compreender isso para o bem da democracia e de todos os brasileiros”.
“Vi nas ruas um movimento importantíssimo das pessoas com as questões políticas, excelente exercício de democracia. Todos nós devemos seguir vigilantes no fortalecimento da democracia e no combate à corrupção”, destacou. Embora não tenha ido a Minas Gerais, como os demais correligionários, o ex-governador Paulo Souto (DEM) lembrou que todos tinham consciência de que se tratava de uma eleição bastante disputada. “E assim foi muito acirrada, mas não podemos deixar de registrar o grande avanço da oposição, mostrando um eleitorado cada vez mais dividido”, disse.
Segundo ele, contou a favor da presidente o uso “poderosamente da sua máquina”. “Mas o nosso candidato Aécio teve um resultado expressivo, cumpriu bem o seu papel. Como brasileiro, agora é esperar que a presidente atenda as expectativas do país”. O ex-ministro Geddel Vieira Lima, presidente do PMDB no estado, esteve em Belo Horizonte e comentou a “tristeza” pelo saldo das urnas, porém frisou que ao mesmo tempo estava “orgulhoso”. “Não é fácil disputar com uma máquina”, disse que Aécio agora se projeta para o futuro.
“A oposição sai fortalecida pela campanha de Aécio”, disse, enfatizando que o parlamento “não deve permitir que o governo cometa mais descalabros”. Sobre o cenário baiano, Geddel disse que não mudava seu posicionamento. “Continuo achando que o governador eleito é um quadro fraco e que não continuará fazendo um governo à altura que a Bahia merece”, criticou. “Volto à planície e à militância política com os mesmos posicionamentos”, acrescentou.
Na presidência do DEM baiano, o deputado federal eleito, José Carlos Aleluia, também não deixou as críticas de lado. “É um governo de 12 anos que não é capaz de apresentar um projeto, mas se sustenta nas políticas ‘convenienciatórias’, penetrando inclusive essas políticas em Minas. É um resultado que não sinaliza esperança. Temos hoje uma crise moral, econômica e energética que o governo esconde, mas que agora terá que revelar. Represento a metade do Brasil que não aprovou esse governo e não abrirei mão dessa posição”. Extraído na íntegra da Tribuna da Bahia.