Fundado em 1985 ainda como PFL, o Partido Democratas (DEM), que registrou quedas nas últimas eleições, busca alguns lampejos para andar por novos caminhos a partir de 2015. O recado de mudanças, dado pelo prefeito ACM Neto, uma das principais lideranças da sigla ecoou nos quatro cantos e aumentam as especulações sobre qual o destino a seguir. O democrata, inclusive, falou em fusão no dia da eleição (26), mas frisou ainda não saber com qual sigla seria feita esse processo. Com alinhamentos mais próximos ao PSDB, a uma ala do PMDB e ligação com alguns nanicos que mudam de aliança, conforme a conjuntura, o DEM vai avaliar o rumo a tomar a partir de novembro. Na Bahia, lideranças do partido acreditam que ocorrerão reformas, mas não arriscam quais. A perspectiva é que aconteçam conforme a onda de alterações no sistema político, a ser discutido pelo Congresso Nacional.
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O presidente nacional do DEM, José Agripino Maia, confirma que haverá uma conversa. “Vamos discutir todas as propostas, sem nenhum açodamento”, disse à revista Veja. A perspectiva de avaliação é certa já que a sigla saiu menor do processo eleitoral, diminuindo de 28 para 22 deputados. A legenda também ficou sem eleger governadores pela primeira vez. Em 2010 haviam sido dois, sendo que um deles, Raimundo Colombo (SC), migrou para o PSD durante o mandato e conquistou a reeleição pela nova sigla. No meio da política nacional especula-se que na opção de unir-se ao PSDB, o DEM pode perder a força e caso a escolha seja por somar-se a partidos nanicos, a legenda tem mais chances de preservar seus princípios.
O assunto foi puxado por ACM Neto, no dia da decisão do segundo turno. “O DEM não vai mais existir como tal. Se Aécio ganhar, faremos uma fusão para crescer. Se Aécio perder, faremos uma fusão para sobreviver”. Eleito para a Câmara Federal para legislatura de 2015 e em fase de despedida na Assembleia, o deputado Paulo Azi (DEM), afirma que “é preciso esperar a poeira baixar”. “Não é um movimento específico do DEM. O Congresso vai se debruçar em torno de um novo sistema político, o que passará pela redução dos partidos, o que abre para o entendimento de mudanças. Mas isso envolverá 90% dos partidos que vão ter que se adequar a um novo modelo. Havendo isso, conversaremos com os diversos partidos”, diz.
Azi minimiza o resultado das urnas. “Melhoramos a nossa posição no Senado, com mais um senador e todos os deputados federais se reelegeram, sendo que novos também entraram. Não é uma bancada dos sonhos, em relação a tamanho, mas tem muita qualidade com nomes experientes”, afirma. O presidente estadual do DEM, o deputado federal eleito, José Carlos Aleluia, diz que as questões não passam de especulações. “Não há nada decidido, nem estruturado. Evidentemente temos que analisar, discutir entre os pares, mas nada foi assentado. Ideias serão colocadas internamente.”, frisa. Questionado sobre o que será prioridade, ele frisa que será “a manutenção dos ideais que o partido defende”.
A necessidade de discussão é colocada pelo dirigente municipal do DEM, Heraldo Rocha, que nega haver um cenário fechado sobre o assunto. Segundo ele, a reflexão será natural, após o processo eleitoral e essa não seria apenas uma tendência do DEM. “Os partidos de oposição tem que se reunir em nível estadual e federal e seguirem uma coerência, pois a população respondeu nas urnas, que colocou esses partidos na postura de opositores dentro da democracia”. Da Tribuna da Bahia.