Em busca da renovação do quinto mandato na Assembleia Legislativa da Bahia, o deputado Marcelo Nilo (PDT) pode, pela primeira vez, enfrentar outro candidato em votação secreta, diante dos anúncios das candidaturas de Alan Sanches (PSD), Rosemberg Pinto (PT) e Sargento Isidório (PSC) ao posto. Com a movimentação dos colegas, que deixam claro o desejo de alternância no Poder, o pedetista acelera as negociações, colocando suas cartas na mesa, em presença de um possível risco de articulação no seio do governo, que pode deixá-lo de fora. Ante a possibilidade, Nilo, que conhece as relações de dependência no ambiente em que comanda, recebeu, essa semana, deputados em seu gabinete e tomou café da manhã fora, com os eleitos. Ele diz já ter contabilizado o apoio de 46 parlamentares, inclusive dois do PT e um do PSD.
Desses, 26 teriam assinado uma lista em seu favor. “Mas até a próxima semana vou chegar a 45”, afirmou. Em conversa com a reportagem da Tribuna, o dirigente reagiu ao posicionamento do PT, que, segundo ele, se oficializou na disputa, “precipitando o processo”. O deputado questiona a viabilidade da candidatura do aliado, Rosemberg Pinto (PT). “Eu não conheço um eleitor dele fora do PT. Se ele tiver me diga”, desafiou. O pedetista sinaliza que isso pode ajudá-lo. “Todas as quatro vezes (deputados do PT) não conseguiram, recuaram na véspera, me apoiando quando eu já tinha 50 votos”, enfatizou.
O incômodo de Nilo referente à postulação do líder do PT na Casa estaria ligado, principalmente, ao fato de ele ter sido um dos que mais investiram no apoio a Rui Costa (PT), na eleição para governador, além de ter visto a sua aspiração de vice-governador na chapa ser rejeitada. Consequentemente, acabou confiando nesse elo para se consolidar na presidência na próxima legislatura. Rosemberg teria conversado com o governador eleito sobre o pleito, assim como o deputado Alan Sanches (PSD) teria dialogado também com o senador eleito e dirigente estadual do PSD, Otto Alencar. Entretanto, o presidente da Assembleia minimiza tais movimentações. “Conversar é natural”, disse, acreditando que não haverá interferência em favor dos aliados.
Mas ao amenizar a cobiça pelo quinto mandato, o deputado lembra o recente passado. “Não quero ser eterno presidente. Eu queria ser vice-governador, mas isso não foi concretizado. Fui o deputado mais bem votado da Bahia”, argumentou. Até fevereiro, quando a eleição da mesa diretora será realizada, ele disse que a estratégia será ter “paciência”.
Como justificativa para permanecer no comando da Casa, Nilo diz que o projeto implantado ainda não foi concluído. “Implantei uma filosofia independente, no meu mandato a Oposição também passou a ser respeitada, recebi aqui todos os movimentos de negros, mulheres, índios, policiais, professores. Lançamos ainda mais de 50 livros e estamos implantando a TV aberta, que em janeiro entrará na fase experimental. Muito mais precisa ser concretizado”, defendeu. Extraído do Tribuna da Bahia.