Após recolher com a equipe de transição dados para um novo modelo de gestão, o governador eleito Rui Costa (PT) iniciou as conversas com os dirigentes dos partidos aliados sobre as perspectivas e as participações das siglas na gestão. Consta que os diálogos foram uma forma de apresentação dos princípios que devem nortear a administração, com as fusões de secretarias e redução da máquina. Nos próximos dias devem ser definidos os espaços que caberão a cada um. Os encontros foram avaliados como positivos pelos presidentes das legendas. Com os rumores de enxugamento da estrutura, é certo que Rui estaria preparando os aliados para as novidades que virão. O presidente estadual do PT, Everaldo Anunciação, disse que o primeiro encontro foi sobre a “reestruturação” de governo.
“Depois os compromissos de programa e, por último, a ocupação de espaços. Tudo isso deve culminar até o dia 10 de dezembro. A conversa foi boa, mostrando que estamos bem afinados”, contou, assegurando que ainda não foram transmitidas quais Secretarias e autarquias vão ficar para o Partido dos Trabalhadores. O vice-governador e senador eleito, Otto Alencar, que preside o PSD em solo baiano, ainda não esteve com Rui. Otto esteve afastado dos compromissos por conta de uma cirurgia de catarata essa semana. “Falamos-nos por telefone, mas ele não falou absolutamente nada sobre espaços. Espero que Deus o ilumine para que ele possa fazer o melhor”, disse.
Com a habitual estratégia de tranquilidade, Otto diz que vai manter a mesma postura que teve no governo Wagner. “Da minha parte serei sempre solução. Minha cabeça só gira em ajudar. Terei muita moderação, continuarei sem nenhum tipo de ambição. Espero na verdade que o governo funcione bem”, enfatizou. O líder pessedista prevê que 2015 seja um ano de mais exigências. “Vai ser mais difícil, pois estamos vendo aí muitas denúncias com relação à Petrobras e o Brasil sendo passado a limpo”, disse. No comando do PDT, o deputado federal Félix Mendonça afirmou que as conversas foram muito preliminares. “Ele ainda está ouvindo o pensamento de cada partido sobre as novas adaptações do governo e explicando as mudanças que podem ser feitas”, disse. O deputado confirmou a tendência já anunciada pelo próprio Rui, de oferecer ao estado “uma estrutura mais enxuta, visando resultados”.
Entre alguns espaços, o PDT tem a Secretaria de Ciência e Tecnologia (Secti), comandada por Andrea Mendonça, um dos nomes cogitados para permanecer na futura gestão. Sobre o assunto, o pedetista disse que ainda não há nada definido. Um dos parceiros do governo, o dirigente do PCdoB, Daniel Almeida, também conversou com Rui, nos últimos dias. Segundo ele, o governador eleito apresentou os argumentos para a reforma. “Isso tudo com base na eficiência, otimização e economia de recursos. Ele sinalizou áreas que poderiam passar por modificações, mas que esse é um processo ainda em construção”, afirmou.
Rui vai reunir os representantes dos partidos e comunicá-los formalmente as mudanças a serem feitas. Depois disso, o projeto de lei deve ser enviado pelo governador Jaques Wagner (PT) para a Assembleia Legislativa da Bahia. “No momento seguinte é que ele deve discutir com os partidos sobre espaços”, acrescentou o líder do PCdoB. Questionado sobre a expectativa em torno do assunto, o deputado disse que é a de continuar contribuindo com o governo. “Imaginamos que a nossa contribuição possa ser ampliada, diante do compromisso que temos com o projeto. Se será uma secretaria mais robusta ou não, ainda não sabemos”, frisou. O PCdoB tem atualmente a Secretaria de Trabalho e Esporte (Setre), a Secopa, que será extinta este mês, e comanda também a Bahia Gás e a Bahiafarma.
Conversas técnicas
O vice-governador eleito, João Leão (PP), diz que as conversas que Rui teve com os partidos foram informais, não havendo ainda disposição de espaços. Segundo ele, as questões decididas foram até o momento sobre os aspectos técnicos da futura gestão. “Hoje eu passei a manhã inteira com ele e a equipe técnica, e o modelo ainda está sendo concluído. Ainda não houve conversa política. Eu estava lá como vice-governador eleito. Como presidente do PP ainda não conversamos”, disse.
Conforme Leão, o governador eleito ainda não vai definir as vagas dos aliados, “enquanto não definir como a máquina irá funcionar”. “A expectativa é de que as coisas vão fluir muito bem no estado, com a redução e otimização das secretarias”, disse, sem detalhar o projeto.
Conforme apurado pela Tribuna, nos bastidores consta que haveria uma troca nos comandos das secretarias, com possibilidade de a pasta de Infraestrutura sair das mãos do PSD para o PP, do vice-governador eleito João Leão. O movimento seguiria a tradição iniciada por Wagner de colocar esse espaço em poder do vice. No primeiro mandato do petista, a pasta foi do PP, e no segundo que passou a ser comandada por Otto. O PT que comanda a Educação, a Saúde, haveria de ceder a segunda para o PSD. O PT dirige atualmente ainda a Casa Civil e a Secretaria de Relações Institucionais (Serin), que podem ser fundidas. Em poder da sigla está também a Secretaria de Indústria e Comércio, que não se sabe para onde irá.
Fala-se também na extinção da Secretaria Extraordinária de Assuntos Estratégicos, atualmente com o PTB, e na fusão entre a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e a Secretaria de Políticas para Mulheres. Há rumores fortes em torno do nome para a Justiça, que não seria indicado por partido político. Extraído da Tribuna da Bahia.