Preocupados com o final de ano, os estudantes do Colégio Estadual Carlos Souto abortaram a missão e não protestaram nestas terça (25) e quarta-feira (26) como haviam informado. A situação na unidade de ensino não mudou e a paralisação para reivindicar a alimentação escolar deve acontecer no sábado (29). De acordo com informações encaminhadas ao Jornal da Chapada, os discentes também vão entrar na luta da criação da Universidade Federal da Chapada Diamantina, por considerarem de fundamental importância para o desenvolvimento socioeconômico da região. Os protestos começaram na segunda-feira (24), mas, segundo o vice-presidente da Associação Baiana Estudantil Secundarista (ABES), regional da Chapada, Júlio Rodrigues, foram interrompidos por advertências aos alunos pela direção do colégio. “A Lei 7738/89 proíbe a direção de punir os alunos, o que eles fizeram é crime. Estou analisando todas essas situações com a ajuda de profissionais, para abrir uma sindicância. E a Direc 19 [Direção Regional de Educação] até agora não responde nada”, pontua.
Os estudantes pediram ao vice-presidente regional da ABES mudança na agenda de luta e foram atendidos. Na terça-feira, no horário de aula, Júlio Rodrigues passou nas salas esclarecendo a situação e ouvindo todas as reivindicações dos alunos. “O vice-diretor do colégio, Cláudio Moreira Mafra, fez o mesmo tentando explicar que ‘estava de mãos atadas e que a responsabilidade é do Estado, e que tomaria medidas punitivas para os alunos que apoiassem a greve ou qualquer outro ato’. O diretor levou para as salas de aula cópias da reportagem postada na segunda-feira pelo Jornal da Chapada e do edital de licitação da merenda escolar, lançado pela Secretaria de Educação”, revela Rodrigues sobre o ação da diretoria. Em contato com o Jornal da Chapada, a Secretaria de Educação do Estado alega que o fornecimento de alimentação escolar do Colégio Estadual Carlos Souto já foi regularizado.
Ainda de acordo com o estudante, o vice-diretor disse que a Direc 19 não pode ser responsabilizada pela falta de alimentação, que a entrega da comida é feita pela empresa vencedora do edital e que foi dividida em quatro parcelas. “Essa parcela, quando entregue à escola, teria de atender 20 dias úteis de merenda escolar, não foi o caso. Até o vice-diretor expressou sua insatisfação com a falta de merenda e reconheceu que a Direc 19 é ausente na unidade escolar”, frisa Júlio Rodrigues. Em encontro com os alunos, Rodrigues recebeu apoios e disse que “muitos se sentiram representados, mas que outros nem tanto”. Na conversa, a maioria dos estudantes alegou que no término do ano letivo os trabalhos escolares se acumularam e que as aulas são essenciais nesse final de ano, já que ainda não atingiram a média cobrada pela instituição.
“Foi um momento difícil, esclareci os fatos para todos e pedi calma. Conversei com todos e foi muito proveitoso para o movimento estudantil da escola. Fico feliz e triste, a felicidade é por estar fazendo parte dessa mobilização, mas triste por ser uma despedida do colégio, pois esse ano já vou me formar. Até agora a Direc 19 não entrou em contato e, como foi divulgado, emitiremos nota de repúdio da ABES contra o órgão”.
Matéria atualizada às 12h49 do dia 27.11.2014