Em clima de despedida, após chefiar oito anos o Executivo do estado, o governador Jaques Wagner (PT), no próximo dia 1º, passará a caneta para o seu sucessor Rui Costa (PT). Nesta reta final, o petista enfrenta a vinculação do seu nome a denúncias ligadas ao escândalo da Petrobras, assunto negado por ele de forma veemente. Em entrevista à Tribuna, o político, hoje tido como um dos melhores articuladores do estado e com nome em ascensão nacional, enalteceu o trabalho de investigação realizado pelas instituições brasileiras e afirmou que não há provas que sustentem as denúncias.
Mais uma vez saiu em defesa de José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras e seu gestor do Planejamento, na qual apontou o secretário como uma das “melhores cabeças pensantes da Bahia e do Brasil” e reiterou a permanência dele até o último dia de seu mandato. Wagner também tratou de sua ida a algum ministério da presidente Dilma. Questionado se há dificuldade de acomodação, principalmente agora após as denúncias, o governador refutou e garantiu que, independente de cargo, ele trabalhará avidamente em prol da governante do País.
O atual governador fez ainda uma avaliação positiva sobre sua gestão e classificou como “normal” a demora de Rui Costa anunciar o secretariado, principalmente com uma reforma administrativa que diminuiu o número de cargos. A situação financeira do estado foi outro assunto que Wagner demonstrou tranquilidade e argumentou que, em breve, todas as despesas em aberto serão honradas, e o momento de ajuste orçamentário é normal em um ano de fechamento de mandato.
Tribuna da Bahia – Fazendo uma avaliação sobre o final do seu governo, o que o senhor poderia ter feito e não fez?
Jaques Wagner – Olha, você sempre tem vontade de fazer muita coisa e de ter feito muito mais. Mas eu tenho a tranquilidade de dizer que o que foi realizado preenche a minha expectativa e me deixa muito orgulhoso. Evidente que em todas as áreas gostaríamos de ter avançado mais. Eu creio que tem marcas muito sólidas de todos os trabalhos que foram feitos: seja na política, o jeito de fazer política, seja nas realizações das ações de governo. Estamos deixando marcas muito sólidas na Bahia.
Tribuna – O que o novo governador Rui Costa deve colocar como prioridade no governo dele, que o senhor acredita que vai dar mais dor de cabeça nesse começo de gestão? Finanças, segurança?
Wagner – Em Finanças, estamos bem encaminhados. Segurança, ele participou do Pacto pela Vida e está bem familiarizado. Eu acho que ele tem que inovar. Já falo isso do ponto de vista administrativo, e acho que tem que criar programas dele e o foco tem que ser sempre a questão do social e, evidente, que segurança é o desafio de todos os governantes. Ele vai contar com a presidenta Dilma, comigo, com certeza, trabalhando ao lado dela, e tenho certeza que ele está com muita vontade de fazer e muita ideia positiva. Eu não citaria uma área específica, mas acho que ele tem que domar a máquina pública, e ele está consciente disso.
Tribuna – Onde está a dificuldade para ele anunciar o secretariado? Os partidos não indicaram nomes à altura?
Wagner – Não, não acompanho o processo diretamente, pois Rui está com total liberdade de escolha para formar sua equipe, então eu acho que é isso mesmo. Você tem uma base consolidada, grande, e as negociações, às vezes, demanda um pouco mais de tempo e ele fez o enxugamento do estado, cuja opinião minha é positiva administrativamente, e, que, eventualmente, tem o crescimento dessa dificuldade que vocês mencionaram. Menos locais, mais gente… Eu não vejo problema e, realmente, eu não estou participando.