Com o objetivo de se consolidar como líder da oposição no Congresso, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) articula para lançar um candidato à Presidência do Senado que assuma um viés oposicionista ao Palácio do Planalto. O tucano aposta em um racha na bancada do PMDB, a maior da Casa, capaz de derrotar a candidatura à reeleição de Renan Calheiros (PMDB-AL). Aécio defende o nome do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) para presidir o Senado. O peemedebista apoiou o tucano nas eleições para a Presidência da República e é considerado da ala “independente” do PMDB. Os dois terão uma conversa nesta terça (13) para discutir os cenários da disputa pelo comando do Senado. O nome de Ferraço ainda não é consenso nem mesmo dentro da oposição, com senadores que defendem maior cautela na definição do nome que deve enfrentar Renan.
“O nome ainda não está escolhido, mas está definido que vamos ter candidato. Será alguém fora da oposição para atrair votos para a vitória”, disse o senador José Agripino Maia (DEM-RN). Ferraço não descarta ser candidato, mas afirma que a decisão sobre o nome que vai enfrentar Renan deve ser tomada pelos líderes partidários. “A pré-condição para ser presidente do Senado é ser senador. A cadeira de presidente não é cativa de ninguém”, disse à Folha de S. Paulo. As outras alternativas consideradas pela oposição são os senadores Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) e Eunício Oliveira (PMDB-CE), atual líder do PMDB no Senado. PSDB e DEM defendem um nome peemedebista para respeitar a tradição de que a maior bancada indica o presidente da Casa.
Luiz Henrique afirmou à Folha de S. Paulo que tem recebido apelos de diversos partidos para se lançar candidato, inclusive da oposição. “Estou avaliando a questão. Tenho sido procurado por companheiros de todos os partidos”. Eunício não admite oficialmente a possibilidade de ser candidato, mas aliados afirmam que seu nome está em jogo.
Lava Jato
Segundo peemedebistas, Eunício pode ser um “plano B” caso a candidatura de Renan se complique devido aos desdobramentos da Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobras. O nome do presidente do Senado estaria entre os políticos citados por investigados do esquema de corrupção na Petrobras. Como o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, só deve se manifestar sobre a situação dos políticos envolvidos em fevereiro, aliados de Renan dão como certa a sua candidatura –que tem o apoio do Palácio do Planalto, do PT e dos partidos aliados do governo.
Para evitar desgastes, Renan não se lançou como candidato, mas vai colocar seu nome à disposição do partido às vésperas das eleições, marcadas para o dia 1º de fevereiro. A partir do dia 20 de janeiro, as negociações sobre a disputa vão ser intensificadas nos partidos, quando a oposição vai se reunir para bater o martelo sobre a candidatura. A equipe da presidente Dilma Rousseff considera importante ter Renan no comando do Senado no momento em que a oposição terá o reforço em sua bancada, com a chegada de senadores com maior peso político, como José Serra (PSDB-SP) e Tasso Jereissatti (PSDB-CE). Extraído do site da Folha de S. Paulo.