Por Deninha Fernandes*
Olá amigo leitor, estava com saudades e nesse primeiro artigo do ano de 2015, que ora se inicia, uso este espaço para compartilhar com você o drama que vivi neste mês de janeiro, quando soube que meu cachorro Fidel Castro tinha que se submeter a uma cirurgia. Fidel é um cão da raça pit bull que, por sinal, é muito marginalizada por uma boa parte da sociedade. Assim como as minorias, o preconceito com a raça existe por conta de maus exemplos.
O pit bull impressiona à primeira vista por ser um cão de força, paixão e vontade ilimitada. Sua cabeça tipo tijolo, especialmente larga entre as bochechas (para abrigar suas poderosas mandíbulas), se encaixa em um pescoço musculoso e bem definido. O pescoço se prolonga até um tórax profundo, largo e bem arqueado. No caso de Fidel, nome dado em homenagem ao comandante cubano devido à semelhança da malha de seu corpo com a farda do coronel, a aparência impressiona, por ser muito musculoso, atarracado, mas o que poucos sabem é que ele é um cão dócil, inteligente (só falta falar), ágil, brincalhão, apesar de ser extremamente forte.
Quando digo que a minha relação com Fidel Castro é “mística”, apego-me ao fato dele ter vindo para minha casa setes dias após minha mãe ter falecido. Eu estava tão deprimida e carente que cuidei dele como se cuida de um bebê prematuro. Depois do meu convívio com Fidel, tornei-me uma mulher mais segura, desapegada, tolerante e extremamente forte para enfrentar a vida e suas adversidades, e, olhe, não foram poucas.
Mas voltando ao drama da cirurgia. Fidel tem hoje nove anos, já é um cão idoso, e um belo dia, brincando com ele, notei um nódulo na sua virilha, era pequeno e não afetava (aparentemente) sua saúde, ele continuou brincalhão, sem dores, enfim, poderia conviver com essa hérnia. Acontece que de uma hora para outra este abscesso cresceu e estava lhe deixando cansado, ele brincava e sentava. Como uma dona zelosa, procurei me informar sobre a doença e a melhor maneira de resolver o problema para dar mais vida ao meu “querido amigo”.
Descobri que apesar de ser um problema genético o único recurso era uma cirurgia, e, como em Itaberaba ainda não tem uma clínica apropriada, fomos a Feira de Santana. Lá descobrimos o doutor Erivaldo Costa Nogueira, um cirurgião veterinário que abraçou a profissão como um sacerdócio. Marquei uma consulta e me desloquei com esse pit bull do tamanho de um bezerro para Feira. Na clínica veterinária, Fidel foi avaliado, elogiado pelo trato e condições de saúde e em seguida operado. O cão é tão forte que nem parecia que tinha feito uma cirurgia. Voltamos para casa e hoje estou cuidando do pós-operatório, como uma enfermeira dedicada.
O que ficou de conhecimento e que sirva de alerta para as pessoas que criam os animais com violência, transformando muitos cães em verdadeiros assassinos. Todos sabem a relação de afeto e, por que não dizer, mística que tenho com este animal. Por defender o direito de ter a sua guarda, fui submetida à justiça, tive que lutar contra coronéis e juízes corruptos e com ajuda de Deus venci todos e Fidel permanece em nosso lar, defendendo seu espaço e protegendo sua família. Na oportunidade quero agradecer a todos que, de um jeito ou de outro, nos ajudaram nessa empreitada. Zé Carlos, meu marido, Vitor Fernandes, meu filho, Birel, meu amigo, Daí da Raio, que me ajudou no diagnóstico, e os profissionais da Probicho (Itaberaba), Hiata e a veterinária Anne Raphaelle Costa.
*Deninha Fernandes é editora-chefe do Jornal da Chapada