A saída do PTN da base do prefeito ACM Neto (DEM) provocou mágoas no democrata. A informação foi dada pelo próprio alcaide, que não achou correta a postura do deputado federal João Carlos Bacelar, principal cacique petenista, de aderir ao governo Rui Costa (PT). “Ele não foi correto, afinal, tínhamos 15 anos de relação. A primeira sede do PTN era no meu escritório de trabalho, foi montada para eleger João Carlos vereador de Salvador, não entro nas razões”, afirmou a Zé Eduardo na Rádio Metrópole. “Diferentemente do que foi publicado, não bati na mesa, mas tivemos uma conversa dura, onde eu não podia deixar de dizer algumas coisas para ele. O PTN tinha demandas que não podia atender”, completou. O assunto ainda rende nos bastidores políticos, principalmente na Câmara Municipal, onde o PTN era o maior partido da base do prefeito.
A orientação dada pela executiva do partido foi de seguir na oposição a Neto, contudo, nem todos deverão dizer amém à cartilha da sigla, mas os edis acusam o Palácio de Ondina de retaliarem seus trabalhos. Outro lugar que o posicionamento dos integrantes da agremiação ainda é um mistério é a Assembleia Legislativa da Bahia. Enquanto Alex Lima (PTN) já apareceu ao lado de Rui Costa, Carlos Geilson (PTN) e Alan Castro (PTN) ainda não demonstraram um posicionamento favorável de aliado governista. Por falar em governo do estado, o prefeito comentou como deve ser a relação com Rui a respeito do Carnaval de Salvador. Segundo o político, o estado tem um papel importante na folia soteropolitana.
“No que depender de mim, o governo vai nos ajudar. O principal investimento que o governo faz é na segurança pública, a prefeitura vai tratar do Carnaval de 2016 na quarta-feira de cinzas. Ele movimenta quase R$ 2 bilhões para a economia da cidade, não é trabalho de véspera. Se esse é o espírito do governador, vai ter uma relação saudável com a prefeitura”, amenizou o discurso, antes duro e de provocação. “Acho ótimo que o governo queira participar mais do Carnaval. Liguei para o governador e o convidei para a entrega da chave da cidade com o Rei Momo. Ele me disse que vai discutir a festa do próximo ano com mais novidades. O que for para melhorar a cidade de Salvador, nós temos que dar as mãos. Quero é trabalhar junto”, afirmou.
Sobre a falta de patrocínio da Petrobras na edição deste ano da festa, o alcaide voltou a tecer críticas na empresa, assim como o fez no Furdunço, no bairro da Barra, no início da semana. “Quem tem que estar zangado é o povo de Salvador com esse desvio horroroso de dinheiro. Negócio horroroso. No jornal é cada novidade. Não é possível ter tanta roubalheira em um local só. A Petrobras não pagou tudo o que deve à Prefeitura, em relação ao termo que assinou. Estou cobrando. Nosso dinheiro indo para o ralo da corrupção. Na hora que tem que fazer para a população, eles não fazem”, disse.
Outro assunto indagado pelos apresentadores da rádio foi a situação do vereador Tiago Correia (PTN). O prefeito, assim como o próprio edil havia comentando, deve assumir o comando da Limpurb no lugar da então vereadora Kátia Alves (DEM). “Por questões de precaução, pedi que ele fizesse uma consulta formal à Câmara de Vereadores. Logo após o Carnaval, ele deve assumir a presidência da Limpurb”, anunciou. Uma das novidades apresentadas pelo prefeito, ontem, em coletiva no Palácio Thomé de Souza, foi a participação do cantor Igor Kannário no Carnaval de Salvador. “Começou toda essa situação de tocar e não tocar, estou nos guetos, nos bairros, comecei a ter pedidos, começou o movimento no Instagram e redes sociais. As pessoas se identificam com a música dele, eu pedi: vamos ter cuidado”, contou. “Estou muito feliz com a chance que ganhei do prefeito ACM Neto. Prometo não decepcionar e fazer a alegria dos foliões. Vou representar a paz e o gueto na avenida”, disse Kannário.
Petista
Ainda durante entrevista, o prefeito ACM Neto (DEM) comentou a situação do ex-deputado J. Carlos, que deixará o PT. O democrata admite a possibilidade do ex-presidente do Sindicato dos Rodoviários entrar para a base da prefeitura. “Não vamos absolutamente negar isso. Nós estamos em conversas com o deputado para discutir um projeto junto, mas não vou antecipar nada antes que o cara possa falar”, falou. Segundo informações dos bastidores, o ainda petista poderá assumir um cargo de assessor especial do prefeito dentro do Palácio Thomé de Souza e assim se sentir abarcado no ninho do democrata, que poderá contar com um aliado para as eleições de 2006, quando pretende sair candidato à reeleição.
Conforme noticiado ontem pelo jornal Tribuna da Bahia, a ida para a oposição seria fruto da insatisfação do petista com o tratamento recebido pela executiva estadual após sua derrota nas eleições do ano passado. Apesar da forte liderança que exerce entre os rodoviários e de sua atuação na força sindical, especificamente na Central Única dos Trabalhadores (CUT), o político não teria sido contemplado com participação nos primeiro e segundo escalões do governador Rui Costa (PT), tampouco tido espaço para os cerca de 40 funcionários que incorporaram seu mandato no cenário político e de militância.
J. Carlos, nas eleições do ano passado, conseguiu a marca de 30.710 votos, que não foram suficientes para reelegê-lo. Em Salvador, tido como reduto do seu mandato, o petista conseguiu quase metade da sua votação total, com 13.838 votos, ou seja, 1,15%. Ele foi o 22º mais votado na capital. Apesar de o pai ter tomado novos rumos, o vereador J. Carlos Filho (PT) vai permanecer no PT, embora rumores deem conta de que ele deve caminhar para os mesmo caminhos do tutor político. A informação é desconhecida entre a oposição do Legislativo soteropolitano. “Continuo no PT. E a relação com ele continua de pai e filho. A questão política é outra e eu respeito”, afirmou. Extraído da Tribuna da Bahia.