Os quadros petistas foram pegos de surpresa com a decisão de J. Carlos (PT) de sair do partido. O assunto foi repercutido ontem entre os filiados após a notícia do desligamento do ex-deputado ter sido divulgada e confirmada, além das negociações próximas do político com o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), do qual o filho do ex-sindicalista, o vereador J. Carlos Filho (PT), faz oposição. Procurado pelo jornal Tribuna da Bahia, o vereador Gilmar Santiago (PT) classificou a saída de J. Carlos como uma grande perda da agremiação. “Eu recebi a notícia com surpresa, pois eu sei da carreira política dele, que foi vereador, deputado por vários mandatos. Jota tinha uma postura exemplar de vida pública e representava bem a entidade partidária. Será uma grande perda para o PT”, disse.
Sobre a possibilidade de o filho seguir os caminhos do pai, Gilmar negou. “Eu conversei com J. Carlos Filho (PT) e ele me disse que a medida foi uma decisão do pessoal do pai dele e só pertence à decisão política dele”, informou. O vereador, no entanto, falou de não ter receio de que a saída ex-presidente do Sindicato dos Rodoviários venha atrapalhar planos futuros. “O PT dirige os destinos do Brasil e da Bahia. Lógico que um quadro como J. Carlos vai fazer muita falta, mas temos uma força de um conjunto que ainda se sustenta”, assinalou.
O líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Zé Neto (PT), disse que pensou, no início, do fato se tratar de um boato no meio político, mas sentiu quando soube que era verdadeira. “Ele é uma pessoa muito próxima. Mas é da vida, cada um escolhe os rumos que quer seguir. Eu vou respeitá-lo, mas é uma pena perder esse companheiro da base”, disse. No entanto, o petista acredita pouco provável a adesão ao grupo de ACM Neto. “Muita conversa deve rolar. Acho que ele deve ir para um outro partido de esquerda”, complementou.
O presidente estadual do PT, Everaldo Anunciação, também comentou o assunto. O mandatário da sigla garantiu que o PT vinha instalando uma contemplação ao militante histórico e pontuou a forte atuação da sigla na tentativa de reelegê-lo a deputado estadual. “Algumas lideranças ligadas a ele, mas óbvio que o quantitativo de todo gabinete não tinha condição de manter. Não vamos manter filiados que não se sintam bem, quer seja pela questão política, muito menos por questões fisiológicas”, destacou.
Anunciação não desmereceu a importância do ex-correligionário, mas reafirma que não teve como manter o que estaria sendo pedido por ele. “A relação do PT com ele é de muito tempo, e viemos estes anos ajudando as eleições dele não só no partido, mas como na disputa sindical. Na CUT ele desempenhou uma grande contribuição”, afirmou. Extraído da Tribuna da Bahia.