O carnaval é para todos. Essa máxima da maior festa popular do mundo foi cumprida à risca pelo Bloco Me Deixe à Vontade, nesta sexta-feira de carnaval, no circuito Campo Grande. O bloco que já desfila no carnaval da Bahia há mais de 20 anos trouxe quase mil pessoas com deficiência para avenida. Esse ano a homenageada do bloco foi a paraatleta baiana Verônica Ramos que sofre da Síndrome de Ehlers-Danlos, ou SED e causa degeneração das articulações, e conseguiu entrar para o Guinness Book, o livro dos recordes, após completar a travessia Mar Grande-Salvador a nado. “A homenagem foi uma surpresa pra mim. Acho essa iniciativa importante, pois essas pessoas têm o direito de participar da festa”, disse.
Animados pelo cantor Edu Casa Nova, os foliões do bloco esbanjavam alegria e disposição, derrubando mitos de fragilidade e falta de condições para curtir a folia. “Espero que esse bloco nunca acabe”, comemorou Raimundo Pessoa, morador do Rio de Janeiro e folião do bloco há mais de 15 anos.
Único bloco no Brasil voltado para pessoas com deficiência, de acordo com o diretor Antônio Alves, o Me Deixe à Vontade já acumula premiações do Troféu Dôdo e Osmar. “Esse é um projeto de inclusão social”, garantiu Antônio. Para o secretário de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, Geraldo Reis, a iniciativa “tem um significado de dar mais dignidade a pessoas que desfilam no carnaval de cabeça erguida e mostrando que têm o direito de aproveitar a vida e os espaços de lazer”.
As crianças e adolescentes das Obras Assistências de Irmã Dulce também curtiram a folia. De acordo com a terapeuta ocupacional da instituição, Rosa Calazans, o bloco é uma oportunidade de “colocar os meninos na rua”. O superintendente dos Direitos das Pessoas com Deficiência, Alexandre Baroni, chamou a atenção para o caráter cidadão do bloco. “É uma ação de cidadania e garantia de direitos”, disse.