Em meio ao clima conturbado na base governista da Câmara dos Deputados, com ondas de críticas à presidente Dilma Rousseff (PT), o deputado federal Cacá Leão (PP) saiu em defesa ontem do vice-governador do Estado, João Leão (PP), e seus correligionários, citados na lista do Supremo Tribunal Federal (STF), com os nomes de políticos envolvidos em inquéritos relativos à Operação Lava Jato. O deputado, que assumiu o primeiro mandato no Congresso este ano, chamou de “irresponsáveis” os delatores que entregaram os nomes dos políticos e afirmou que o seu pai irá provar a inocência na Justiça. Em entrevista à reportagem da Tribuna, o parlamentar citou o clima de tensão no Congresso Nacional e exaltou o início do governo Rui Costa.
Segundo Cacá, foi uma surpresa a citação do nome de Leão na lista. “São 28 anos de vida pública, nenhuma mancha, nenhuma lacuna, e de repente vem uma citação irresponsável dos delatores, sem nenhum tipo de prova, fundamento, incluindo um homem de vida limpa, ilibada, dessa forma irresponsável. Vamos tomar todas as medidas judiciais possíveis contra os delatores. Tenho certeza absoluta que ele vai provar a sua inocência”, disse.
Ele reagiu com indignação também à menção dos companheiros de partido, três baianos como integrantes de um suposto esquema de desvios de dinheiro da Petrobras, e frisou a expectativa de os correligionários ficarem livres das denúncias. “Sabemos que existe uma investigação em curso, mas citaram João Leão e diversos outros companheiros do meu partido, sem nenhum tipo de prova, vínculo ou conversas com nenhum deles. Eu acredito na inocência dos membros do meu partido. Tenho certeza que isso vai ser resolvido e se chegará a um denominador comum, onde quem é inocente vai ser inocentado, e quem for culpado vai pagar pela sua culpa”, afirmou.
Durante a conversa, o deputado não escondeu o ambiente de insatisfação da base aliada com o governo Dilma Rousseff (PT). “A articulação política do governo tem errado muito na questão da interlocuçãoo com o Congresso. Os ministros não têm conseguido conversar com os deputados e isso tem gerado a maior parte da crise”, frisou. Cacá descartou, porém, que a tensão fosse causada pela divisão dos cargos.
“Não é isso que a imprensa tem colocado. Acho que o Congresso hoje já respira o que o povo tem falado nas ruas, que é a mudança na forma de fazer política. Acho que a presidente que acabou de demitir o ministro da Educação (Cid Gomes) pela falta de educação com que ele tratou o Congresso deve procurar agir assim com a sua articulação política”, sugeriu.
As manifestações nas ruas do país, pedindo o impeachment da presidente e outras mudanças, que viabilizem o fim da corrupção, também foram comentadas pelo progressista. Ele disse estar feliz por atuar no Congresso neste contexto por acreditar que haverá “uma virada de página muito grande na forma de fazer política”. “O povo tem demonstrado a sua força, a sua indignação”, disse, ressaltando que as respostas já estavam sendo dadas. “Hoje, por exemplo, foi um dia importante com a presidente lançando o pacote anticorrupção. Ela mostrou que não quer varrer isso para debaixo do tapete”, acrescentou. O deputado também demonstrou expectativa positiva de as Casas avançarem na reforma política, tributária e do Código Penal.
Cacá fez uma avaliação favorável do início da gestão petista no estado e no estilo de governar de Rui. “Confesso que conheci outro Rui Costa daqueles que as pessoas falavam. Tenho visto a sua forma de trabalhar. Rui que era tido por muitos como um cara tímido, reservado, tem demonstrado, como governador, que vai pra rua, está dando a sua cara para bater, tem visitado os municípios e andado pelas ruas de Salvador, inaugurando obras. Ele está com muita vontade de acertar”.
As reduções de cargos e na folha de pagamento, medidas implantadas pelo governo baiano, também foram elogiadas. Segundo ele, somente com os “ajustes e enxugamento da máquina” o governador vai conseguir oferecer mais investimento para o estado. Extraído da Tribuna da Bahia.