Os principais caciques do DEM e do PMDB preferiram manter cautela ao repercutirem a informação de que o prefeito ACM Neto (DEM) andou costurando com o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), uma possível fusão de legendas com o objetivo de enrijecer as estruturas estaduais de ambas agremiações. O plano é tido nos bastidores como ousado e foi confirmado por uma fonte do Congresso Nacional em contato com o jornal Tribuna da Bahia. Como noticiado, um interlocutor informou que a moral do chefe do Palácio Thomé de Souza está em alta e a possibilidade da fusão é real. “Possibilidade, pelo que sei, existe. A conversa pode se esticar e o rumo agora é amadurecer e analisar resoluções de problemas em cada estado”, disse uma fonte.
O deputado federal José Carlos Aleluia (DEM) afirmou que não teve conhecimento do assunto. “Lhe confesso que não tenho conhecimento disso. Porém, independente de possíveis negociações, temos um apreço pelo PMDB, é um partido importante e que temos como aliado, em Salvador e na Bahia por exemplo”, disse. O democrata só confirmou as conversas com o PTB, contudo não aventurou a citar uma data. “Posso afirmar que existe o diálogo, como todos sabem, mas a fusão não acontece da noite para o dia”, contou.
O líder do PMDB na Assembleia Legislativa, deputado Pedro Tavares (PMDB), em um discurso muito parecido com o de Aleluia, negou saber de qualquer conclusão de tratativa. O peemedebista afirmou que sabia de informações de encontro do deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB) com ACM Neto e Temer, mas não teve conhecimento do conteúdo. “Se houve uma sinalização dessa fusão, eu ainda não sei, e a informação que tenho foi a que li no jornal. Se tiver algo é em um estágio muito embrionário que a gente ainda não sabe, mas creio que na próxima semana já saberemos, se tiver tido alguma coisa”, afirmou.
NEGOCIAÇÃO
Os rumos da fusão do DEM com o PTB é uma novela com capítulos que devem chegar ao fim ainda no mês de maio, conforme dizem seus interlocutores. À Tribuna, o ex-dirigente Benito Gama havia fortalecido a ideia da fusão nos últimos dias ao liderar as rodadas de conversas com os líderes de alguns estados. Segundo ele, para que o acordo seja finalizado faltam alguns ajustes, mas a questão caminha bem. “Está andando. Agora vamos concluir a conversa maior, que é a arrumação das coisas”, disse. Caso a fusão se configure, devem ser preservados o número 14 e o nome Partido Trabalhista Brasileiro. “Caso realmente aconteça, será o fato político do ano, seremos a terceira maior força”, enfatizou Benito, que também descartou possibilidade de uma crise interna com lideranças históricas da agremiação em Salvador e no Estado.
Na semana passada, o prefeito ACM Neto havia demonstrado entusiasmo ao falar sobre a movimentação. “Sou a favor da fusão e venho trabalhando para isso desde o ano passado. Dos 27 estados, em 20 já está tudo acertado. Em sete temos conversado e as coisas estão avançando. Desde a semana passada equipes dos dois partidos estão trabalhando para que alguns problemas sejam superados”, declarou ao site Bocão News.
Aleluia também havia reiterado, na época, que “os ponteiros estão se acertando”. Indagado sobre a aproximação forte do PTB com o PT no estado, ele disse que essas diferenças podem ser resolvidas. “Cada dia é um dia. Não temos que antecipar problema e nem ficar olhando para o passado”, frisou. Aleluia rejeitou a possibilidade de, na hipótese da incorporação com o PTB, os democratas se tornarem aliados do PT, visto que petebistas estão na base de Rui. “Não. Esse é um princípio que não romperemos. O PT hoje não é apenas nosso adversário, mas é também adversário do País. São vistos como uma ameaça”, disparou. Da Tribuna da Bahia.