A relação do prefeito ACM Neto (DEM) com o governador Rui Costa (PT) parece estar indo de vento em popa. Passadas as eleições e as costuras de alianças do início do ano, prefeito e governador agora caminham para o entendimento em relação a diversos projetos para a capital baiana, cuja largada foi dada por acordos em prol do metrô de Salvador. O próximo passo da dupla, apelidada pelo próprio Rui de “correria e rapidez”, será o fechamento de um acordo em relação às ações judiciais que um move contra o outro. Na quarta-feira (25), inclusive, a ministra Maria Thereza de Assis Moura, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou que Rui apresentasse, no prazo de 15 dias, resposta à imputação, por conta da ação criminal que Neto moveu contra ele. Nesta ação, o alcaide acusa o petista de calúnia, injúria e difamação.
A expectativa é que, após o entendimento, sejam excluídas essas ações movidas durante a campanha do ano passado, quando Neto saiu a favor da chapa de Paulo Souto (DEM) para o governo da Bahia. O diálogo e as articulações para que isso ocorra estariam sendo feitas pelos assessores. De acordo com o site Política Livre, um assessor de Rui teria contribuído para pactuar a harmonia entre os políticos. Ele disse ainda que os “xiitas e provocadores perderão a função neste novo contexto em que Rui e Neto passaram a se entender. É melhor que comecem a trabalhar pelo bem”, declarou. Na mesma linha de acusações no período eleitoral, Rui Costa (PT) acusou ACM Neto (DEM) de ter financiado a Rede Bahia com recursos da prefeitura de Salvador. A ação penal contra Rui Costa tramita no Supremo porque ele tem foro privilegiado.
Para petistas e demistas mais brandos, o entendimento entre os dois políticos é uma demonstração do novo estágio da democracia, em que a disputa fica restrita aos partidos sem prejudicar a população. De acordo com o presidente do PT na Bahia, Everaldo Anunciação, a postura de Rui Costa representa o espírito que o ex-governador, Jaques Wagner, hoje ministro da Defesa, já havia demonstrado nos últimos oito anos em que esteve à frente do Palácio de Ondina. “A disputa não é com a população, é com o partido, e ela acontece no período correto”, disse.
Segundo o presidente estadual da legenda, o governador pode ajudar o prefeito com as principais queixas apresentadas por ele, a exemplo das dificuldades para encontrar terrenos para construção de creches conforme as exigências do governo federal. Rui já sinalizou, inclusive, que colocará à disposição terrenos do governo para a construção das creches. “Temos muita clareza dessa nova democracia no PT. O governador vai colaborar. Como aconteceu ao longo do governo de Wagner. Isso não significa que não haja diferenças no olhar do DEM e do PT. Só pode ter grandeza quem tem condição de ajudar”, afirmou.
Aleluia – O presidente estadual do DEM e deputado federal, José Carlos Aleluia, disse que vê com muita satisfação o “tratado de paz” entre governador e prefeito. “Ambos foram legalmente eleitos e exercem uma responsabilidade muito grande na área de governar a cidade e o estado. É assim que a população espera. Que eles procurem se entender para buscar resultados”, frisou. Aleluia, que é um dos ferrenhos opositores ao governo petista, afirma que só mesmo sendo muito radical para ficar desconfortável com o entendimento. “Evidentemente quem ficar desconfortável… não há o que se discutir. Político tem que zelar pelo interesse público. Só mesmo alguém muito radical”, pontuou.
Áreas como mobilidade urbana, obras do metrô, saúde e o projeto de revitalização do Centro Antigo de Salvador terão prioridades na força-tarefa formada pelo prefeito e pelo governador. Outro ponto definido durante o encontro é que o secretário estadual de Saúde, Fábio Vilas-Boas, e o municipal, José Antônio Rodrigues, devem se reunir para tratar de assuntos ligados à organização da área da saúde em Salvador. Extraído na íntegra da Tribuna da Bahia.