A Polícia Federal tem provas de que a lavanderia de dinheiro do doleiro Alberto Youssef – peça central da Operação Lava Jato – foi usada pelo ex-deputado federal do PT André Vargas (sem partido-PR), entre 2013 e 2014, para o recebimento de R$ 2,3 milhões em dinheiro vivo. São notas fiscais, registros de depósitos e trocas de e-mails envolvendo a contadora do doleiro, Meire Poza, e a IT7 Soluções, empresa que tem contratos milionários com órgãos públicos, em especial a Caixa Econômica Federal, o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), vinculado ao Ministério da Fazenda, e outros órgãos de governo.
Só da Caixa foram mais de R$ 50 milhões recebidos em 2013. Com escritório no Paraná, a IT7 é administrada por Marcelo Simões, mas controlada pelo ex-deputado e por seu irmão Leon Vargas, segundo sustentam investigadores da Lava Jato. A IT7 declarou receita de R$ 125 milhões entre 2012 e 2013. A Receita Federal aponta “expressiva movimentação comercial e bancária” ao analisar as fontes pagadoras da empresa e destaca que é possível observar que entre os principais clientes estão “entes públicos, empresas públicas e estatais federais e estaduais”.
Vargas e seu irmão Leon foram dois dos sete presos na última sexta-feira, alvos da nova etapa da Lava Jato, batizada de “A Origem”, 11.ª fase da investigação que mira em contratos de publicidade de órgãos públicos, inclusive na Petrobras – estatal em que um núcleo de empreiteiras teriam formado cartel para assumir o controle de contratos bilionários entre 2003 e 2014. Além de Vargas, outros dois ex-deputados federais, Luiz Argôlo (SD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE), foram presos na sexta-feira. Os ex-parlamentares são investigados por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo revelaram Youssef e sua contadora em depoimentos à Polícia Federal, o irmão de Vargas pediu no fim de 2013 que fosse disponibilizado, em dinheiro, o valor de R$ 2,3 milhões.
Os pagamentos foram feitos pela IT7 para duas empresas (Arbor Contábil e AJJP Serviços Educacionais) da contadora do doleiro. Para isso, foram emitidas duas notas nos valores de R$ 964 mil e R$ 1,4 milhão, ambas no dia 27 de dezembro de 2013. As notas foram emitidas por serviços que nunca foram prestados, segundo os investigadores da Operação “A Origem”. Da Agência Estado.