A quinta-feira (23) foi de debates na Comissão Especial do Carnaval, no Centro de Cultura da Câmara de Vereadores de Salvador. Tudo por conta da apresentação dos balanços da festa momesca deste ano aos edis soteropolitanos e à população. De acordo com o líder opositor ao atual governo da capital, Luiz Carlos Suíca (PT), a distribuição dos valores recebidos por artistas desconhecidos extrapolou o razoável, com cachês que chegam a R$ 140 mil por três apresentações. “Não tem espaço para a cultura dos bairros, não tem investimentos para acrescentar um ritmo diferente ao carnaval, até como forma fomentar a inserção da cultura afro, do Rap, e da dança de rua, mas tem para investir R$ 140 mil em uma atração sem expressão. Com esse valor conseguiríamos fazer um carnaval grandioso com novas atrações e valorizando os bairros e a cultura local, como foi realizado com muito menos recurso em Pernambués e no Nordeste de Amaralina, por exemplo”, critica Suíca.
O edil petista ainda citou a presença de Edson Gomes no carnaval deste ano e disse que o cantor se apresentou pela primeira vez em praça pública “porque o cachê foi irrisório”. “Não sei quem é Luana Monalisa, que levou essa fortuna para realizar seus shows, mas sei quem é Edson Gomes que está na estrada há muito tempo”, frisa, ao questionar a contratação realizada pela Bahiatursa, órgão ligado ao governo estadual. “A crítica deve ser estendida também à atual gestão da prefeitura de Salvador, principalmente pelo modelo implantado de comercialização do Carnaval”. Sobre a necessidade de democratização do evento, Suíca diz que “a festa é feita com o povo”.
Artistas e representantes de movimentos sociais e culturais também mostraram indignação com o sistema de formação da grade de atrações do Carnaval, além da desproporcionalidade de valores de cachês entre os apresentadores e bandas. Em relação às interferências da iniciativa privada no Carnaval, o edil petista mostrou insatisfação quanto à existência de demarcações de blocos e camarotes e lembrou movimentos sociais como a Mudança do Garcia, cortejo que tradicionalmente envolve a população em atos culturais de reivindicação política e de folia. “Precisamos de uma comissão atuante na Câmara com coragem para enfrentar mafiosos que usurpam do povo o direito de ir e vir nas ruas e avenidas e de usufruir tudo o que é natural de uma festa que é do próprio povo”, finaliza.