Na contramão das declarações da presidente Dilma Rousseff, nesta sexta-feira (24), de que “sem sombra de dúvida”, a divulgação do balanço do ano passado pela Petrobras nesta semana marca uma nova era para a estatal, que vem sofrendo com denúncias de corrupção, a bancada do PSDB na Câmara divulgou a intenção de pedir o seu impeachment. Segundo os parlamentares tucanos, há elementos suficientes para apresentar, de pronto, o pedido de impedimento, sem necessidade de se aguardar novos fatos ou sequer que o julgamento da Operação Lava Jato seja concluído, no Judiciário.
Na quarta-feira, a Petrobras divulgou prejuízo de R$ 21,6 bilhões no ano passado, após contabilizar perdas de R$ 6,2 bilhões por corrupção e reduzir em mais de 44 bilhões de reais o valor de seus ativos. Líder do PSDB na Câmara, o deputado Carlos Sampaio (SP) afirmou, nesta sexta, que levará a decisão do conhecimento do presidente nacional da legenda, o senador Aécio Neves (MG), na terça-feira. Sampaio espera que o pedido de impedimento da presidente seja apresentado entre terça e quarta-feira.
“O que vou dizer ao (senador) Aécio é que na visão da bancada não tem mais o que aguardar. A Câmara é quem decide sobre a abertura do impeachment, então o protagonismo tem que ser da bancada da Câmara. Ela tem que tomar uma decisão e a decisão já foi tomada: o impeachment é cabível e não temos que aguardar mais nenhum parecer”, afirmou Sampaio a jornalistas, durante intervalo de uma reunião de treinamento parlamentar dos deputados tucanos.
Candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais, Aécio Neves elevou o tom contra Dilma e já previa que o PSDB iria encaminhar o pedido de impeachment. Nos últimos dias, porém, recuou após o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-governador José Serra, entre outros, pronunciarem-se contrariamente ao impedimento.
O senador mineiro chegou a encomendar um parecer técnico sobre a questão, mas o jurista Miguel Reale Júnior demandou um prazo maior para a elaboração. Para Sampaio, porém, a falta de um embasamento jurídico não atrapalha a empreitada. A bancada na Câmara, diz ele, já está com o pedido pronto, com base principalmente em suspeitas, ainda que sem nenhuma prova, da suposta responsabilidade de Dilma sobre o escândalo na Petrobras e as chamadas “pedaladas fiscais”, as manobras realizadas pelo Tesouro para fechar as contas públicas. O texto foi extraído do Correio do Brasil.