Pesquisadores do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia, Gúbio Soares e Silvia Sardi, identificaram o Zika virus (ZIKV), responsável pelo surto da “doença misteriosa” que vitimou inúmeras pessoas em Salvador e em vários outros municípios da Bahia. Também há indícios da doença em estados do Norte e Nordeste. O Zika virus foi isolado, pela primeira vez, em 1947, num macaco Rhesus utilizado para pesquisas na Floresta de Zika, em Uganda, no continente africano. Aproximadamente 20 anos depois, ele foi isolado em seres humanos na Nigéria. Dali, ele se espalhou por diversas regiões da África e da Ásia e alcançou a Oceania. Possivelmente, ele entrou no Brasil trazido por turistas que vieram assistir à Copa do Mundo de Futebol, em 2014.
No nosso país, o vírus Zika encontrou o mosquito que, entre outros do mesmo gênero (Aedes albopictus, africanus, apicoargenteus, furcifer, luteocephalus, etc.), serve de vetor para sua transmissão: o Aedes aegypti, também transmissor da dengue, da febre chicungunha e da febre amarela. Macacos e seres humanos costumam ser os hospedeiros. De certa forma, os sintomas são semelhantes nessas doenças, porém menos graves na febre Zika: febre por volta dos 38 graus, dor de cabeça, no corpo e nas articulações, diarreia, náuseas, mal-estar. A erupção cutânea (exantema) acompanhada de coceira intensa pode tomar o rosto, o tronco e os membros e atingir a palma das mãos e a planta dos pés. Fotofobia e conjuntivite são outros sinais da infecção pelo Zika virus.
O período de incubação varia entre 3 e 12 dias após o contágio. A enfermidade é autolimitada. Em alguns dias, o organismo se encarrega de combater o vírus, que desaparece sem deixar sequelas. Não existe vacina contra a doença, que é de notificação compulsória. A única forma de prevenção é combater os focos do mosquito Aedes, típico das regiões urbanas de clima tropical e subtropical, e que ataca principalmente nos períodos de muito calor e chuva, pela manhã e ao entardecer.
Como nas outras viroses, o tratamento visa ao alívio dos sintomas com analgésicos, anti-inflamatórios não-esteroides e antitérmicos que não contenham ácido acetilsalícico. É muito importante manter o paciente bem hidratado e procurar um médico para assim que os primeiros sintomas se manifestarem.
*Drauzio Varella é um médico oncologista, cientista e escritor brasileiro.