Um inquérito independente realizado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) concluiu que houve homicídios na ação da Polícia Militar que resultou em 12 mortes no bairro do Cabula, em Salvador, no dia 6 de fevereiro. A apuração que rejeitou a versão da PM de que teria ocorrido auto de resistência foi concluída na sexta-feira (8), e a denúncia deverá ser oferecida pelo MP à Justiça na próxima segunda-feira (18). De acordo com Davi Gallo, um dos quatro promotores designados pelo procurador-geral de Justiça Márcio Fahel para atuar em conjunto no inquérito, os policiais militares das Rondas Especiais (Rondesp) envolvido nas mortes serão denunciados. “Vamos responsabilizar criminalmente os envolvidos, já que a conclusão é que foram cometidos homicídios no local”, destacou em conversa com o Portal G1, nesta terça-feira (12).
O promotor, no entanto, não informou o número exato de PMs que serão denunciadas e nem divulgou nomes.”Não vamos falar quem e nem quantos. Existem indícios de que alguns deles foram os autores. Estamos reanalizando, agora, todas as provas, para individualizar a conduta de cada um na ação penal”, destacou. Conforme Gallo, a conclusão do MP sobre a ação da PM foi baseada na análise de perícias e em depoimentos de testemunhas. A investigação, que não se vincula à conduzida pela Polícia Civil, durou três meses. “O acervo probatório, a análise de todas essas provas em conjunto permitiu que chegássemos a essa conclusão”, destacou. Além de Gallo, atuam na investigação do caso os promotores de Justiça José Emmanuel Araújo Lemos, Ramires Tyrone Carvalho e Raimundo Nonato Moinhos.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que somente irá se manifestar oficialmente sobre o episódio do Cabula quando o inquérito do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) for concluído. O órgão divulgou, ainda, que aguarda o resultado da reconstituição da ação, prevista para ocorrer ainda nesta semana. A investigação conduzida pelo DHPP, que já pediu duas vezes ao MP a prorrogação do prazo para conclusão do inquérito, deve ser finalizada até o dia 28 de maio. A polícia não descartou a possibilidade de ouvir mais pessoas e de solicitar novas perícias. O caso também está sendo investigado em um Inquérito Policial Militar (IPM), mas nem a PM e nem a SSP-BA informou, nesta terça, como anda a investigação movida pela corporação. Os policiais envolvidos na ação no Cabula cumprem expediente operacional e passam por acompanhamento psicológico por equipe do Departamento de Promoção Social da PM, conforme a SSP-BA.
Ação
Segundo a polícia, o confronto foi iniciado após os policiais da Rondesp perceberem seis homens de mochilas, o que despertou desconfiança inicial, até que o grupo saiu correndo ao encontro de mais 30 homens, que teriam iniciado os disparos. Além disso, a polícia diz ter apreendido com os suspeitos 12 armas de fogo calibre.38, 1 pistola calibre.40, outra pistola calibre .45, 1 espingarda calibre .12, dois coletes balísticos, além de 3 kg de maconha, 1,2 kg de cocaína, 300 gramas de crack, além de diversos uniformes camuflados parecidos com as roupas usadas no Exército. Matéria extraída na íntegra do Portal G1.