Com a realização do III Seminário da Cafeicultura Familiar, terminou nesta quarta-feira (13) em Salvador a 16a edição do Simpósio Nacional do Agronegócio Café (Agrocafé 2015). O evento concentrou na capital baiana representantes de todos os elos da cadeia produtiva do grão, com ênfase no agricultor. Atualmente, a Bahia se destaca no mapa da cafeicultura nacional pela qualidade dos seus cafés, especialmente nas regiões do Planalto e da Chapada Diamantina, sendo que também são reconhecidos pela qualidade os cafés irrigados do Oeste da Bahia, região de Cerrado. Aproximadamente 200 pequenos produtores de café foram trazidos ao evento, que se constitui em uma das principais fontes de informação, capacitação e difusão de tecnologia para este público.
“Este ano, sofremos muito para realizar o Agrocafé, por causa de um contingenciamento brusco nos recursos com os quais habitualmente trabalhávamos, fruto tanto da situação econômica que nosso país atravessa, quanto das mudanças de governo, que sempre demandam um tempo até que os trâmites burocráticos voltem ao ritmo normal. Entretanto, constatamos com ânimo que o fato de termos foco na agricultura familiar foi fundamental para a receptividade para com o evento nas diversas esferas governamentais”, explica o presidente da Associação de Produtores de Café da Bahia (Assocafé), João Lopes Araújo.
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O Seminário debateu o café orgânico como processo viável, além da produtividade e da assistência técnica na cafeicultura familiar. O estado da Bahia tem 21 mil cafeicultores, dos quais 80% são da agricultura familiar. Através de eventos como o Agrocafé e o Concurso de Qualidade Cafés da Bahia, os produtores do estado se conscientizam que somente com investimento em qualidade é possível a diferenciação no mercado de grandes produtores.
“Quando a Assocafé começou a promover o Concurso de Qualidade Cafés da Bahia, pequenos produtores da microrregião da Chapada Diamantina mostraram interesse em aderir à uma forma de produção voltada para a qualidade, o que requeria processos diferentes do que estavam acostumados. Dessa forma, passaram a compensar o volume pequeno de produção com as remunerações diferenciadas”, lembra João Lopes Araújo.
No ano passado, no concurso nacional da Associação Brasileira da Indústria de Café, o campeão foi um produtor de Barra do Choça. Já este ano, no último Cup of Excellence, concurso promovido pela Associação Brasileira de Cafés Especiais – BSCA, dos 21 cafés inscritos de todo o Brasil, nove eram da Bahia, e, dentre estes, os cinco primeiros colocados do concurso. O vencedor do Cup of Excellence – Early Harvest, Cândido Vladimir Ladeia, também conquistou o primeiro lugar no Concurso de Qualidade Cafés da Bahia, da Assocafé, em novembro do ano passado.
Um dos palestrantes do último dia do Agrocafé 2015 foi o produtor Luca Allegro, da Latitude 13 Cafés Especiais, hoje conhecido por ser fornecedor de café para o Vaticano. “Entendemos, em 2002, que para fazer girar o nosso negócio, precisaríamos trabalhar atributos de diferenciação. Então, decidimos pelo café orgânico, gourmet, artesanal e com o charme especial de ser da Bahia”, revela o agricultor, que produz café em Ibicoara, na Chapada Diamantina.
Safra baiana
Nesta safra, a Bahia deve produzir 1 milhão de sacas de café arábica na região do Planalto (Chapada Diamantina, Vitória da Conquista e Brejões), em torno de 500 mil sacas no Cerrado, onde se destaca o município de Luís Eduardo Magalhães. Da variedade conillon, o estado deve colher 1 milhão de sacas na chamada região Atlântica, que engloba o Sul e o Extremo Sul do estado.
O Agrocafé 2015 foi uma realização da Assocafé e do Centro de Café da Bahia. Teve patrocínio do Banco do Nordeste, Ministério da Agricultura, Banco do Brasil, Sebrae, Governo da Bahia (CAR, SEAGRI, SDE, SEINFRA, Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social), com apoio da Coopmac, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Desenbahia, Café do Brasil, Bahiagás, Prefeitura de Luís Eduardo Magalhães, Fundação Dom Cabral, Sweet Bahia Café.