O caso de racismo no município de Antônio Cardoso, na Região Metropolitana de Feira de Santana, envolvendo vereadores da cidade deixou o deputado federal Valmir Assunção (PT-BA) perplexo. Nesta terça-feira (19), Assunção afirmou que vai levar o caso para avaliação na Câmara Federal e garantiu acompanhar o desfecho por se tratar de um crime de injúria racial dentro de uma Casa Legislativa. Valmir se refere às declarações do edil José Nery de Souza (PMDB), popularmente conhecido por Zequinha, que chamou o vereador Ozeias Santos (PT) de ‘preto sujo e imundo’ e o agrediu fisicamente durante discussão na sessão na Câmara de Vereadores do dia 12 de maio.
“Mais um caso de agressão e racismo neste país. O crime, dessa vez, envolve parlamentar e deve ser apurado pela polícia assim como os demais que ocorrem na sociedade. Essa intolerância me espanta, o vereador Zequinha também é negro e deveria ter a postura de não reforçar o discurso de ódio”, afirma o petista. O vereador Ozeias Santos relatou o caso em rede social e explicou que, após a abertura dos trabalhos do dia 12 de maio, Zequinha fez seu discurso proferindo acusações e calúnias contra o petista, dizendo que ‘Antônio Cardoso não precisa de vereador desse tipo’. “Acusou-me de estar mentindo quando publiquei em minha página no Facebook que os agricultores de Antônio Cardoso não iriam receber o Seguro Safra, e que o governo municipal deveria explicar o que estava acontecendo”, declara.
Após as ofensas, Ozeias Santos solicitou o uso da palavra ao presidente da Casa, o edil Valdir Rodrigues (PTN). Mesmo sob protesto de Zequinha, o presidente abriu espaço. “O vereador Zequinha se dirigiu a minha mesa, colocou o dedo em meu rosto e disse que eu não iria falar. Ele veio para me empurrar e eu pedi que ele não me tocasse. Ele me respondeu: ‘não vou lhe tocar não, você é um preto sujo, um preto imundo’”.
A discussão não acabou por aí, Ozeias Santos ainda foi intimidado e ameaçado por Zequinha, que chegou a puxar o braço do petista numa tentativa de agressão. “Quando ele voltou para mesa dele disse: ‘Você deve me agradecer, pois está vivo hoje graças a mim, pois o prefeito mandou lhe matar e eu pedi que não o fizesse, mas já me arrependi. Criei meus filhos e não tenho mais nada a perder, fui prejudicado demais por sua causa’”, conta Ozeias.