Empresário do ramo de supermercados, duas vezes prefeito e eleito pela primeira vez para um cargo no Legislativo, o deputado federal João Gualberto terá mais uma missão: presidir o PSDB na Bahia. O parlamentar, que passou a despachar em Brasília após ser eleito com 117.671 votos nas eleições do ano passado, substituirá o atual presidente Sérgio Passos, no comando da legenda desde 2011. No próximo dia 14 de junho, os tucanos baianos se reúnem para homologar o nome do deputado, escolhido por consenso entre os principais caciques da agremiação no estado. Gualberto concorrerá em chapa única, ritual que acontece desde a chegada de Passos.
Com cerca de 90 mil filiados em toda a Bahia, João Gualberto terá a tarefa de organizar a sigla para as eleições municipais de 2016. Em 2012, o PSDB elegeu apenas nove prefeitos dos 417 municípios baianos e conquistou 2,16% do eleitorado. Na comparação com 2008, houve queda no número de prefeitos do PSDB, quando, no pleito, quatro anos antes, foram eleitos 26 chefes do Executivo municipal na Bahia. Em entrevista à Tribuna da Bahia, o futuro dirigente peessedebista afirmou que buscará reforçar o partido em todo o interior do Estado, além de buscar as alianças necessárias com os partidos que integram a unidade oposicionista na Bahia, como o DEM e o PMDB, com o objetivo de eleger prefeitos e vereadores.
No início de abril, o PSDB baixou uma resolução, assinada pelo presidente nacional do partido, senador Aécio Neves, que determinou a dissolução de todos os diretórios municipais que não atingiram o percentual de 6% dos votos atribuídos no município nas últimas eleições. Com isso, as executivas municipais ficaram impedidas de organizar a convenção municipal prevista para este mês.
Todos os comandos dos diretórios municipais que não atingiram o percentual estipulado foram substituídos por Comissões Provisórias, designada pela Executiva Estadual. Na prática, quem indica o comando do partido nos municípios baianos onde o partido está organizado são os deputados federais ou estaduais mais votados no pleito de 2014, ou tucanos locais que exerçam mandatos eletivos ou apenas lideranças políticas. No documento, o PSDB afirmar que o objetivo da medida é “avançar e garantir um melhor desempenho eleitoral do PSDB nas próximas eleições municipais”.
O ex-deputado Sérgio Passos comandou o PSDB baiano por dois mandatos consecutivos (2011-2014). Quando tomou posse pela primeira vez, prometeu renovar o partido com oferta de oportunidade a outros colegas tucanos e reforçar a legenda no interior do estado. Apesar do desempenho considerado baixo nos dois últimos pleitos municipais, Sérgio Passos viu o PSDB crescer o número de cadeiras na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal. No pleito do ano passado, a bancada tucana no parlamento baiano reelegeu dois deputados estaduais – Adolfo Viana e Augusto Castro – e ganhou mais um representante, o líder grevista da Polícia Militar, Soldado Marco Prisco. Na Câmara dos Deputados, o partido também reelegeu os deputados Antonio Imbassahy e Jutahy Magalhães Jr. e mandou mais um para a bancada baiana, o futuro dirigente do partido, João Gualberto, após perder um vaga com a saída do ex-deputado João Almeida.
Na esfera federal, a convenção da Executiva Nacional está prevista para o dia 5 de julho. Na presidência do partido desde 2013, Aécio Neves deverá permanecer no cargo até 2017, após acordo com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que é tido como possível candidato à presidência pela sigla em 2018, ao lado do senador mineiro. Apesar do recuo, Alckmin emplacou o deputado paulista Silvio Torres (PSDB), um dos seus principais aliados, para a Secretaria-geral do PSDB, unidade partidária que exerce influência em todo o partido. Peessedebistas apostam que até as vésperas do pleito presidencial, daqui a três anos, a paz reinará no ninho tucano. Da Tribuna da Bahia.