O anúncio feito pelo presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), Marcelo Nilo, de que poderia sair do PDT mudaria drasticamente o cenário de guerra vivenciado até então entre o deputado estadual e o presidente da legenda na Bahia, o deputado federal Félix Mendonça Júnior. Nilo, que aspirava ao comando do partido em pelo menos 180 cidades baianas, queria tomar o poder no estado das mãos do correligionário e sua decisão de sair do partido já deixava Mendonça Júnior navegando em mar de rosas. Com base na possibilidade de saída do principal adversário, Felix Mendonça Jr., chegou até a eleger apenas como prioridade a definição dos colegiados nos municípios.
Porém, o que ninguém esperava era que o presidente da Casa Legislativa baiana fosse voltar atrás e utilizar do discurso de que agora tudo depende do presidente nacional Carlos Lupi. “Eu farei tudo para ficar no PDT, já conversei com o presidente nacional da legenda, Lupi, e farei o possível para não sair. Mas a decisão cabe ao presidente e dentro de oito dias eu defino meu destino. Se é continuar, se vou para o PSD, PL. Tudo vai depender. Porque eu não vou ficar em um partido onde presidente não me cumprimenta e não fala comigo”, explicou Nilo à Tribuna da Bahia.
A eleição do diretório estadual, que chegou a ser anunciada para setembro deste ano, já não está mais fixa no cronograma. “Não está marcada, pode ser em setembro, pode ser depois. O melhor é ter a eleição, mas não estou preocupado com presidência nesse momento”, minimizou Félix. Em um dos embates travados com Nilo, o parlamentar estadual chegou a dizer que caso o atual presidente continuasse no comando do partido, o PDT seria levado para ACM Neto, de quem a sigla é aliada e mantém no governo democrata a secretária de Desenvolvimento, Trabalho e Emprego, Andrea Mendonça, irmã de Félix.
“O partido é independente. Para 2016, vamos conversar com todas as forças e ver qual é a melhor opção. Mas para eleição em Salvador, o mais certo é seguir com Neto”, disse o presidente da legenda na Bahia, que teve uma reunião ontem com o prefeito e afirma que na pauta estavam assuntos de política, como a abortada fusão do PTB com o DEM. Embora o partido tenha rompido com o governo do estado, os parlamentares da Alba decidiram manter apoio ao governador Rui Costa (PT), a quem ajudaram na eleição de outubro passado.
Do outro lado, Marcelo Nilo ainda não anunciou em que partido vai aportar após o anúncio da sua saída do PDT. Mas os bastidores da política indicam que o chefe do Legislativo deve se abrigar no Partido Liberal (PL), ainda em processo de criação liderado pelo ministro das Cidades, Gilberto Kassab, com quem Nilo esteve em Brasília na última semana. Félix prometeu não correr atrás do mandato do deputado e avalia a saída como uma simples entrada e saída de passageiros de um trem que tem suas paradas. “É natural que saiam pessoas ou que entrem. Nessa viagem muitos e se vão e outros vêm”, filosofou.
Como o desejo de Nilo é ter um partido para presidir, a ideia de criação do PL na Bahia pode, por ora, atender aos seus anseios. Kassab já teve êxito em sua empreitada para criar o PSD, na Bahia, comandado pelo senador Otto Alencar, e seu propósito maior é futuramente fundir o já criado PSD com o projetado PL, o que somente será permitido após cinco anos de fundação do partido mais novo. Ao anunciar que sua trajetória no PDT poderia chegar ao fim, onde entrou quando saiu do PSDB em 2010, Nilo tentou justificar com o argumento de que a sigla democrática trabalhista teria mudado os rumos, como teria acontecido com a legenda tucana há seis anos. Extraído na íntegra da Tribuna da Bahia.