A situação política no país segue no centro dos debates no Congresso Nacional do PT, que segue até este sábado (13), em Salvador. O clima de ruptura com o governo federal é acentuado com os pontos aprovados pelo novo reajuste fiscal pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Na capital baiana, os militantes petistas, principalmente representantes das tendências internas Esquerda Popular Socialista (EPS) e Novo Rumo, seguem com a opinião de que o Processo de Eleição Direta (PED) deve ser um consenso e não mais uma disputa de grupos diferentes da classe trabalhadora. Em documento, apresentado nesta sexta-feira (12), no congresso, políticos ligados às correntes petistas pedem uma Assembleia Constituinte Exclusiva para debater a reforma política.
Com esse movimento nacional da EPS e do Novo Rumo, o deputado federal petista Valmir Assunção (EPS-BA) fortalece relação com setores que são ligados ao presidente da sigla, Rui Falcão, e com a força do PT nacional e do estado de São Paulo. É o que garante o membro da executiva nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Márcio Matos. “No plano nacional, isso vai auxiliar na ação de fortalecimento da relação do PT com o MST e em defesa da reforma agrária no país e de um novo sistema político, colocando a população no centro do debate”. Na luta pelas reformas, de acordo com documento das correntes, o partido deve começar a articular uma frente formada por partidos, movimentos sociais, centrais sindicais, organizações da sociedade civil que, “sem prejuízo de outras alianças partidárias que formam a coalização governista, possam representar uma alternativa nova de poder em nosso país, a exemplo da Frente Ampla no Uruguai ou do Podemos, na Espanha”.
Democratização dos meios
Ainda conforme documento exposto pela EPS e Novo Rumo, não se pode pensar em construção de uma democracia no país sem a democratização dos meios de comunicação. “Os avanços tecnológicos não resolveram, em alguns casos até agravaram, o problema da concentração da propriedade dos meios de comunicação no Brasil”, descreve o secretário estadual de Finanças do PT, Murilo Brito. Conforme sua avaliação, algumas famílias controlam grande parte de tudo o que é visto, lido e ouvido no Brasil. “Esse arcabouço de poder deixa os principais veículos de comunicação para atuarem como verdadeiros partidos políticos, defendendo posições políticas e ideológicas, manipulando dados em prol de seus próprios interesses”. O Partido dos Trabalhadores cobra ainda do governo federal que cumpra a promessa de debater o tema, por meio de conferências abertas.
Política interna
O documento das tendências internas do PT trata ainda da organização e do funcionamento do partido. De acordo com o texto, “os diretórios e núcleos, da mesma forma que os seus encontros, não mais correspondem à necessidade de um partido democrático, socialista e de massas com a importância do PT”. Os políticos acreditam que esses espaços estão afastando aqueles que se aproximam do partido. “Da mesma forma, o próprio Processo de Eleição Direta revela um esgotamento que exige mudanças, a começar pelo processo sem a contribuição financeira obrigatória do filiado comum, que acaba permitindo a ação do poder econômico interno de correntes, grupos e mandatos que pagam a contribuição no lugar dos filiados e militantes.
“Os encontros de delegados, igualmente, precisam ser dinamizados, para que promovam um efetivo debate político dos rumos do país, em vez do esvaziamento e da burocratização presente em nossos últimos encontros”, aponta trecho do manifesto assinado pelas correntes EPS e Novo Rumo. Entretanto, a paridade de sexo, as cotas geracionais e étnicas se apresentam como pontos importantes da forma de organização do PT, assim como acompanhar a formação e qualificação dos dirigentes eleitos neste formato.