Harlano Machado, 61; Daisy Lima, 57; Ivanildo Diniz, 53, e Mônica Pôrto, 51. Do estado da Paraíba, os casais partiram para a Chapada Diamantina, em março deste ano, e escolheram o trekking do Vale do Pati para curtir as tão desejadas férias. Durante quatro dias e cinco noites, o grupo contemplou a beleza de um das mais requisitadas trilhas do país.
“O Vale do Pati era um lugar diferente e inédito para nós. Vencer a trilha, iniciando em Guiné, e só parar em Andaraí, sem energia elétrica, carro, internet, WhatsApp… Só o Vale e nós, foi o grande desafio! O que vimos em todos os dias, sem exceção, é indescritível! Uma imensidão de platôs, planícies, subidas e descidas, cachoeiras, riachos… Um céu azul sem fim. Uma paisagem sem limites. Contato direto, ao vivo e em cores, com a natureza e seus obstáculos, que não foram poucos, o que nos proporcionou uma grande e inesquecível aventura!”, comenta Daisy.
Para Mônica e Ivanildo, desligar-se do mundo foi a principal motivação, uma conquista mais que perfeita. “O meu sonho era fazer uma trilha por vários dias e ter o prazer de dormir no meio do mato, dentro da natureza”, completa Harlano. Avós, eles revelam que nem todos os familiares topariam a aventura. “Eles não sabem o que estão perdendo”, ressalta Daisy.
“Nossos netos ainda são muito pequenos, mas, com certeza, saberão detalhes de todas as nossas viagens e irão se orgulhar dos avós que têm. Quem sabe serão futuros aventureiros como nós”, acrescenta. Já para Mônica e Ivanildo, a situação é diferente: “A pergunta é sempre a mesma – Onde vai ser a próxima aventura?”, diz Ivanildo. “As nossas famílias ficam babando e nos admirando, tamanha a nossa coragem. Até sonham com o dia em que irão passar por toda essa aventura também”, revela Mônica.
Uma história de amor
Os quatro paraibanos já conheciam a Chapada Diamantina antes do Pati. A história de amor pela região começou em 1998, quando Harlano e Daisy vieram pela primeira vez à região. Ao lado de passeios urbanos, o casal visitou a grandiosa Cachoeira da Fumaça, uma das mais altas do Brasil. Em 2005, foi a vez de conhecer o Morro do Pai Inácio.
“A cada viagem, mais vontade a gente tinha de ir além. Em 2012, convidamos nossos amigos Ivan e Mônica, já com a intenção de fazer uma trilha de vários dias. Além de lugares que já conhecíamos, fomos à Cachoeira do Sossego e ao Roncador. 2015 chegou e com ele a determinação do sonho realizado. Foram meses de planejamento e preparação. Equipamentos, mochilas, tênis, botas, cantis, bastões de caminhada, roupas apropriadas… sem falar na escolha da agência e do roteiro, detalhadamente discutidos. Enfim, conseguimos! Vale do Pati!!!”, lembra Daisy. Na opinião de Harlano, a Chapada da Diamantina é uma de suas paixões. “Lugares como a Gruta da Pratinha, o Poço do Diabo, dentre tantos outros, me fascinaram”, declara.
Antes, durante e depois
Das praias e paraísos naturais, como os Lençóis Maranhenses e o sul da Bahia, o grupo tem viajado pelo Brasil há oito anos. Daisy, por exemplo, já praticou arvorismo e até rafting(descida por corredeiras utilizando botes infláveis). Diariamente, os casais fazem caminhadas, musculação e aeróbica, o que facilitou o condicionamento físico para o trekking do Pati.
“O maior desafio foi percorrer os 72 km carregando a mala nas costas, a pé. Além disso, vencer as subidas e algumas descidas foi um desafio à parte, um passo por vez. Após cada dificuldade, descobria que era capaz, que não era tão difícil como eu pensava que fosse. Por outro lado, o visual fazia com que todo o esforço fosse esquecido e só importasse o nascer do sol, o anoitecer, o friozinho da noite, as quaresmeiras, as emoções…”, explica Daisy. Para Mônica, o desafio foi ainda maior: “Estava literalmente me testando, pois havia passado por uma segunda cirurgia cardíaca”, conta.
“Costumo dizer que a Chapada Diamantina não é pra qualquer um: um que não tem o desejo de desafios, que não tem a coragem de enfrentar a vida e ver o quanto é desafiadora, mas, ao mesmo tempo, simples. A Chapada faz isso, chama você à realidade da natureza do ser”, pontua Ivanildo.
Na opinião dos casais, os benefícios são muitos, especialmente no pós-viagem. “Vencer o Vale, da forma que fizemos, nos deu um incentivo a mais para os desafios do dia a dia que, na realidade, são muito mais difíceis de superar. No trekking, como na vida, força e garra, determinação e vontade são suficientes para vencer o que vier. Agora, de volta à rotina e diante de um grande problema, a gente se reporta a todos os caminhos percorridos, a toda beleza vista… então respiramos fundo e tudo se resolve!, afirma Daisy. A opinião é compartilhada pela colega Mônica. “Sempre que surge algo que parece não ter solução, lembro-me do desafio do Vale do Pati e sigo em frente”.
“A idade é o que menos importa. O que importa é você respeitar seus limites, preparar-se física e psicologicamente, e ir em frente. A idade é só uma contagem do tempo. O que vale são as experiências que tivemos, temos e ainda teremos”, reforça Daisy;
“É melhor não acreditar que foi à Chapada do que se arrepender por não ter ido. Quando a gente quer, a gente consegue!”, recomenda Mônica. “Não tenha medo e procure realizar seus sonhos”, diz Harlano.
“A Chapada é vida e faz a nossa vida ter mais sentido! Quando se visita a região, nos descobrimos e chegamos à conclusão de que não somos nada diante da natureza e da beleza que ela proporciona. Fui, voltei e quero retornar novamente”, comenta Ivanildo. Texto de Verusa Pinho, extraído do Guia Chapada Diamantina.