Por Júlio Correia Neto*
Já dizia o velho guerreiro Chacrinha: ‘quem não se comunica, se trumbica’. É impressionante como as pessoas tem perdido a capacidade de se comunicarem, de se fazerem entender. Tanto desenvolvimento tecnológico, tantas formas alternativas de conexão, mas as pessoas estão cada vez mais descartáveis, com preguiça, sem paciência de ler, de falar, de estarem frente a frente. A interação olho-no-olho é cada vez mais rara. E quando acontece uma reunião são frases curtas, superficiais, ataques e acusações.
E, para variar, tem sempre um instrumento de fuga: o tempo é curto; muita coisa para fazer; estou atolado. Desculpas e mais desculpas. E a mensagem eletrônica é o verdadeiro ‘tira da reta’. Você tem que discutir um assunto com o seu colega ao lado, você passa um e-mail copiando Deus e o mundo. Falta alguma informação para você terminar um relatório, lá vai o e-mail e a velha desculpa: ‘eu mandei um email, você não viu?’. Para que o telefone na mesa?
Discussões de assuntos críticos sendo discutidos e tratados dessa forma, quando o mais produtivo e rápido seria frente a frente. Mas a superficialidade dos relacionamentos, aliado à insegurança, a preguiça, a conformidade, está paralisando as pessoas. Sem contar os inúmeros estímulos externos como ficar navegando nas redes sociais pelos smartphones. Como executivo e gestor de mudanças sinto uma perda inconsciente de responsabilidade, de comprometimento, de engajamento. As pessoas tem agora o mundo em suas mãos.
Durante o trabalho, distraem-se com postagens de celebridades, enquanto está sentado em um escritório mergulhado em afazeres “burrocráticos”, totalmente desestimulado. Os quadros de aviso nas empresas precisam ter apelos emocionais visuais para serem visitados, caso contrário quase ninguém irá ler
O mundo moderno tem tornado as pessoas reféns das tecnologias, as tornando preguiçosas, individualistas, cada vez mais voltadas para dentro de si mesmas. E como uma liderança pode ser eficiente e eficaz sem a ferramenta da comunicação? Comunicação “torta” produz altos custos, porém, quando bem feita gera respeito. Quando você abre a porta para outro falar, ele se sente respeitado, porque terá alguém lhe dando a oportunidade de ser ouvido. É importante manter um canal aberto e direto.
Mas alguns gestores teimam por medo de se exporem, de mostrar a incapacidade de se fazerem. É fundamental a ação. É preciso se levantar da cadeira e ir na origem do assunto, resolvendo-o pessoalmente, nada por e-mail. Este deve ser usado tão somente para comunicar. A comunicação serve para estreitar laços, aproximar pessoas, gerar confiança. Sem ela não dá para termos grandes relacionamentos.
Portanto, a chave para a construção de relacionamentos saudáveis, enriquecedores, complementares e vencedores, seja no ambiente corporativo, quanto pessoal é a comunicação. Para tal, precisa de interlocutores desarmados, abertos ao novo, abertos a crítica construtiva. Se fechar a informação, se recusar ouvir a opinião de terceiros só conduz a perdas em várias esferas.
*Júlio Correia Neto é Gestor de Mudanças