Quando o Excelentíssimo Senhor Dr. Rohani, como Secretário do Alto Conselho da Segurança Nacional, teve a responsabilidade do processo do Programa Nuclear do Irã, nós estávamos na mesa de negociação, ainda quando não existia embargo contra o Irã. Apenas não aceitávamos imposição. Os mais duros embargos, durante toda a história da ONU, exceto ao Governo de Saddam Hussein no Iraque, foram impostos contra o Irã.
Também os mais pesados embargos por parte dos Estados Unidos da América e União Europeia foram impostos contra nosso País. Todas essas medidas não visavam levar o Irã à mesa de negociação, mas obrigar o Irã a se render. Nosso objetivo é solucionar diplomaticamente os problemas produzidos artificialmente sobre o Programa Nuclear Iraniano e restaurar a paz e a segurança na região.
Solucionando esse problema, podemos nos ocupar de outros assuntos e nos empenhar para solução de grandes desafios na região e no mundo.
Repórter: Qual é a natureza do Programa Nuclear do Irã?
Embaixador: O Programa Nuclear Iraniano tem fins pacíficos. Isso foi provado, publicamente, pelos múltiplos monitoramentos durante os anos passados.
O número de monitoramentos da AIEA – Agência Internacional de Energia Atômica, feitos nos 17 centros nucleares iranianos, quase se equiparam com o número de monitoramentos dessa agência dos 170 centros nucleares do Japão. Quer dizer, que do ponto de vista do monitoramento internacional, nós ocupamos o 2º lugar.
Com todos esses monitoramentos, durante os anos passados, e sem apontar qualquer desvio no Programa Nuclear Iraniano, o ocidente deve considerar essa realidade.
Nós temos certeza que, com um acordo abrangente assegurando a conitnuação das perícias e monitoramentos, conforme as regulamentações e tratados internacionais, as possíveis preocupações sobre a natureza pacífica do Programa Nuclear Iraniano, que é exclusivamente pacífica e assim ficará, desaparecerão.
Repórter: Qual é a posição do Irã perante as dúvidas dos ocidentais que dizem ter probabilidade de fins militares nas atividades nucleares iranianas?
Embaixador: Nós não procuramos a defensiva nuclear. Nós acreditamos que a defensiva nuclear que assegura a destruição mútua é loucura verdadeira.
Nós procuramos a potencialidade científica. Fomos impedidos de ter acesso a essa tecnologia. Nossos cientistas, eles mesmos se empenharam. Agora, nós temos a tecnologia própria. Nossos cientistas, apesar de todas as dificuldades, alcançaram essa tecnologia. Por isso, essa ciência se transformou em um assunto de dignidade e orgulho nacional.
O povo iraniano insiste em usufurir de suas conquistas que custaram muito. Alguns cientistas nucleares iranianos foram assassinados pelos elementos recrutados pelo regime sionista de Israel. Nenhum dos países pretenciosos condenaram-no.
Quando o Irã tinha tempo suficiente, nunca pensou em desenvolver a bomba nuclear. Entre os anos de 2005 e 2013, quando o Irã teve tempo suficiente, suas relações com o ocidente e com a AIEA eram no nível mais baixo possível, e não haviam barreiras restritivas internacionais, com poucas perícias, mas com mais centrífugas para desenvolver a bomba nuclear.
Assim, o Irã pagou caro, suportando embargos pesados e injustos, embargos mais duros do que os que são aplicados contra os países que efetivamente tinham desenvolvido armas nucleares (referente à declaração clara do Líder Supremo do Irã sobre a proibição do uso de armas nucleares, que chamou a atenção das autoridades americanas, que várias vezes apontaram sobre essa declaração).
Com todos estes fatos, nós não demos um pequeno passo sequer no sentido do desenvolvimento de armas nucleares. Dois relatórios de avaliação feitos pela Sociedade de Inteligência Nacional dos Estados Unidos da América (National Intelligence Estimate), composto pelos 16 órgãos de inteligência de segurança nacional, confirmaram isso nos anos de 2007 e 2012.
O ponto chave sobre este asunto é que, o que distanciou o Irã do desenvolvimento de armas nucleares, foi a convicção moral e religiosa (religious and moral beliefs), cálculos estratégicos racionais (rational strategic claculations), e não os problemas do número de centrífugas ou unidades de fissão nuclear (nuclear fission unit).
Nós acreditamos que não existe algo com provavél dimensão militar porque nunca o Programa Nuclear Iraniano teve dimensão militar que fosse provável ou não.
Por outro lado, existem países que não permitiram monitoramento internacional, mas com toda a força tentam fazer com que as negociações não resultem em acordo.
Repórter: Israel não assinou o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) – por que ele não está disposto a assiná-lo?
Embaixador: Interessante é que o regime que mais se pronuncia sobre o Tratado de Não Proliferação Nuclear é um regime que não é membro desse tratado. O regime de Israel, com 200 ogivas nucleares é o pior proliferador de armas nucleares na história contemporânea (proliferator of nuclear weapons).
Israel é o único possuidor de armas nucleares na região. Além disso, é o único invasor na região.
O Primeiro Ministro de Israel, responsável pelas repetidas matanças em Gaza, acusa o Irã, um país que durante mais de 250 anos não atacou nenhum país nem seus vizinhos.
Netanyahu, desde o ano de 1992, repetidamente previne que o Irã, dentro de 2 a 4 anos, chegará a desenvolver arma nuclear… Várias vezes falou que o Irã terá bomba nuclear em 2 anos. No ano de 2012, no seu discurso na Assemlbeia Geral da ONU, avisou que dentro de um ano o Irã teria bomba nuclear. Parece que Netanyahu quer repetir para sempre que o Irã chegará a desenvolver armas nucleares, sempre dentro de um ano.
Repórter: Existem notícias dizendo que se as negociações chegarem ao resultado final, o Conselho de Segurança da ONU, a partir de uma resolução, confirmaria isso. Qual é a opinião do Senhor sobre isso?
Embaixador: Nós temos que esperar o resultado das negociações. Mas certamente o Senhor está sabendo que a resolução sobre os assuntos nucleares do Irã foi emitida pelo Conselho de Segurança da ONU. A resolução 1696 foi aprovada contra o Irã, conforme o artigo 40 do 7º Capítulo da Carta da ONU.
As seguintes resoluções: 1737, 2747, 1803, 1835 e 1929 foram emitidas com base no Artigo 41, 7º Capítulo da mesma Carta.
O artigo 41 do 7º Capítulo da Carta, dá a permissão para o Conselho de Segurança da ONU pressionar o Irã na área econômica.
Agora, há 8 anos que o assunto nuclear iraniano está sendo avaliado nesse contexto. Portanto, a retirada dos embargos contra o Irã, deve fazer referência ao Artigo 41 do 7º Capítulo.
Repórter: Qual é sua opinião sobre as forças radicias e extremistas nos EUA que tentam impedir o acordo?
Embaixador: Essas forças às vezes são criticadas por seus colegas. A medida tomada pelos senadores dos Estados Unidos é no sentido contrário às leis internacionais, os princípios de separação dos poderes nos regimes democráticos e até nos procedimentos de negociações diplomáticas levou muitas autoridades americanas relevantes a contestarem.
Essa medida aumentou, nos EUA, a fissura entre os dois tipos de opinião extremistas e pragmatistas. Especialmente a intervenção do 3º elemento estrangeiro para pressionar e influenciar a política externa desse país ficou bem nítida.
As coisas evoluem. O grupo que até agora, disfarçadamente, se mostrava apoiador da política da “diplomacia com o Irã” mas trabalhava de forma dissimulada contra os avanços neste sentido, agora ficou obrigado, oficialmente a sair desse grupo, e declarar claramente que tem dificuldades com a diplomacia e o diálogo, e aí está tentando fazer parar as negociações e destruir os resultados alcançados.
A opinião de um grupo moderado entre os intelectuais americanos que tem posição mais pragmática porém complexa é interessante. Este grupo revelou seu ponto de vista, e contestando a carta preparada pelos sendores, declararam que essa carta, no furuto, isentará o Irã de qualquer responsabilidade.
Repórter: O Senhor pensa que as negociações entre Irã e as potências do grupo G+1 chegarão ao resultado final?
Embaixador: Os negociadores do Irã com ampla autorização e com o inuito de levar as negociações ao resultado final, durante mais de 20 meses de negociação, demonstraram que o Irã não quer mais do que é do seu direito. Portanto, se a parte do G+1 não exigir demasiadamente e for mais pragmático, o acordo será acessível. Caso contrário, a parte do G+1, sobretudo os EUA, serão responsáveis pelo fracasso das negociações. Extraído do site Irã News.