O deputado Valmir Assunção (PT-BA) se pronunciou nesta terça-feira (4), na Câmara Federal, pela primeira vez após o período de recesso parlamentar para pedir o afastamento do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Assunção voltou a pedir rigor nas investigações envolvendo o peemedebista. “Durante o recesso, assistimos estarrecidos a delação de Júlio Camargo, da Operação Lava Jato, divulgado em todos os meios de comunicação, afirmando que o Cunha teria pedido propina à Petrobrás no valor de US$ 5 milhões”, disse Assunção. Ele ainda comentou que se trata de uma denúncia seríssima e que coloca em risco a seriedade dos trabalhos realizados pela Câmara. “Temos casos anteriores em que parlamentares foram afastados de suas funções para que as investigações fossem realizadas com a máxima idoneidade”.
De acordo com Valmir, a melhor saída para Cunha agora é o afastamento. “Em nome da democracia e da manutenção da independência e harmonia dos poderes republicanos que o presidente da Câmara dos Deputados deve se afastar de suas funções como presidente da Casa. Estamos lidando com um momento bastante delicado, em que, pela primeira vez na história, estamos punindo, de fato, atos de corrupção, doa a quem doer. E isso deve ser um princípio de nossa democracia e, justamente por isso, não há condições para que Cunha siga a presidência até que tudo seja devidamente elucidado. Já teve deputado que renunciou ao cargo porque recebeu uma passagem para viajar do Paraná até o Nordeste. E esses US$ 5 milhões, eu tenho certeza de que não dariam para comprar uma passagem, dariam para comprar o avião ”, ironizou.
Ainda conforme Assunção, a permanência de Cunha na presidência da Câmara quebra o artigo 2° da Constituição Federal, que prevê a harmonia dos três poderes republicanos. “Cunha, ao contrário, declarou ser oposição ao Poder Executivo”. Valmir diz ainda que essa reação de Cunha é estranha às palavras do delator. “Sua ação de ‘rompimento com o Governo’, bastante particular – haja vista que o seu partido não acompanhou tal posição – é mais uma prova que não há uma racionalidade na atuação enquanto presidente da Câmara, e ele não pode quebrar a harmonia entre os poderes dessa forma”.