O projeto ‘Corra pro Abraço’ foi apresentado para o professor e neurocientista Carl Hart, recebido na manhã desta quarta-feira (2) pela equipe da Superintendência de Políticas sobre Drogas da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS). O encontro proporcionou uma troca de experiências onde o cientista apresentou sugestões para o projeto, que está em fase de expansão e passará a atuar em cenas urbanas de uso de drogas nas áreas de Base Comunitária de Segurança Pública (BCS), no âmbito do programa Pacto pela Vida.
Assim como defende o professor, as equipes de rua do ‘Corra pro Abraço’ trabalham com usuários de substâncias psicoativas, em situação de vulnerabilidade social, na perspectiva da redução de danos, prevenção ao uso abusivo de drogas, resgate da autoestima e construção de projeto de vida, com foco no sujeito e não na droga. A proposta é o empoderamento do sujeito para que ele possa fazer escolhas dentro da perspectiva do acesso à moradia, trabalho, assistência social, médica, atividades de cultura e lazer.
Para tanto, a ampliação do projeto passa pela intersetorialidade das ações do ‘Corra pro Abraço’ nas instâncias de governo, estabelecendo importantes parcerias com as secretarias de Educação (SEC), Saúde (Sesab), Trabalho (Setre) e Cultura (Secult), que integram a Câmara Setorial de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, do Pacto pela Vida.
Foco da ação
“É preciso compreender que o foco da ação não é a droga, e sim o sujeito e suas necessidades. A partir do momento que atendermos a essas necessidades, o uso da droga deixa de ser o foco na vida dessas pessoas”, afirmou Hart. Ele disse que “o importante é não termos medo de errar, porque um erro muito maior já foi cometido, a escravidão. Estou muito feliz em estar aqui e poder contribuir com este projeto”.
A superintendente de Políticas sobre Drogas, Denise Tourinho, contextualizou os avanços obtidos na política de assistência às pessoas que vivem nas ruas e fazem uso de substâncias psicoativas. “Há bem pouco tempo a política adotada nas grandes capitais brasileiras passava pela internação compulsória. Quando apresentamos uma alternativa a essa política, em 2013, conseguimos o suporte necessário para trabalharmos com o usuário na rua, identificando suas necessidades e respeitando o seu direito ao espaço público e às decisões sobre sua vida”.
Corra pro abraço
O ‘Corra pro Abraço’ conta com uma equipe multidisciplinar, formada por psicólogos, assistentes sociais, redutores de danos, advogados, cientistas sociais, arte-educadores e educadores físicos. O público atendido é, em sua maioria, homem, negro, com idade entre 18 e 41 anos.
“O maior desafio é a inserção desse público no mercado de trabalho, pois a grande maioria possui baixa escolaridade. Estamos buscando parceria com a Secretaria de Educação para reinserção dessas pessoas no ensino formal, e alternativas de educação de rua baseada na metodologia de Paulo Freire, para fortalecimento desse grupo e sua posterior inserção na escola”, explicou Emanuelle Silva, diretora de Gestão e Monitoramento de Políticas sobre Drogas da SJDHDS.