A reforma política aprovada na Câmara Federal estendeu o prazo para migrações partidárias e agora quem tiver interesse em mudar de partido poderá fazê-lo nos 30 dias que antecedem os seis meses da data de eleição na chamada janela partidária. A mudança fez com que as negociações que vinham a todo vapor considerando o fim deste mês como prazo se esfriassem e também concedeu mais tempo para os indecisos. O caso mais emblemático na Bahia é o do presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo, que quer deixar o PDT, mas ainda não tem destino definido após seu plano A naufragar. O objetivo inicial do pedetista era a criação do Partido Liberal (PL), que teve o registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Agora, o deputado tem como plano B o PSD, do senador Otto Alencar, mas não descarta a ida para o Pros, hoje sob o comando do ex-deputado federal Maurício Trindade. À Tribuna, o pedetista não negou a possibilidade e despistou afirmando que até o momento não decidiu, mas disse que “tem várias opções”. Nilo ressalta ainda não ter pressa em chegar a uma conclusão, já que o prazo foi prorrogado.
O Pros se encontra atualmente no centro de uma disputa entre gigantes. Atualmente, a legenda pertence à base aliada do prefeito ACM Neto (DEM), virtual candidato à reeleição e ao Palácio de Ondina em 2018. Do lado oposto está o governador Rui Costa (PT), principal cabo eleitoral da disputa do ano que vem em Salvador e possível nome do governo à reeleição em 2018, quando poderá enfrentar o democrata diretamente.
Nos bastidores, circula a informação de que Rui quer colocar o Pros nas mãos do ex-deputado federal e superintendente do Procon, Marcos Medrado, e do filho, Diogo Medrado, superintendente da Bahiatursa. Ambos pretendem ser candidatos no pleito do ano que vem, já que pai e filho querem, respectivamente, disputar a prefeitura de Salvador e Câmara. “Logo quando perdi a eleição, fui para Brasília e conversei com o presidente do Pros nacional. E aí o entendimento não deu certo. De lá para cá, não conversei mais com ele. Estou procurando um partido, e como já disse, vai ser de comum acordo com o governador”, afirmou Medrado à Tribuna no final do mês passado apontando sua disposição em permanecer no grupo do governo petista.
A reportagem tentou ouvir o presidente Maurício Trindade, mas não obteve êxito. O mesmo ocorreu com o único deputado estadual da legenda, David Rios. No entanto, recentemente, o parlamentar Rios afirmou na imprensa que desconhece qualquer movimentação de chegada dos Medrado na sigla. A ida de Nilo poderia fortalecer o objetivo do governador, já que faria com que a legenda ficasse em sua base com o ainda pedetista no comando da agremiação.
O desejo por comando de partido foi um dos motivos que acirraram os ânimos entre Nilo e o atual presidente do PDT na Bahia, Félix Mendonça Júnior. Como dizem nos corredores da Assembleia Legislativa, Nilo “quer um partido para chamar de seu” e o deputado federal pedetista não abriu mão da continuidade no poder sob a tutela do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi. O envolvimento de Marcelo Nilo na criação do PL como um dos principais articuladores na Bahia também incluía ter como consolo a presidência do partido após a oficialização da sigla.
Seria esse o fator que pode levar o presidente da AL a não desembarcar no PSD, que é presidido por seu amigo, o senador Otto Alencar. Assim, resta ao pedetista levantar voo para um partido nanico onde possa ditar suas regras e levar consigo seus simpatizantes. Extraído da Tribuna da Bahia.