Após pedir a desfiliação do PDT, o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), o deputado Marcelo Nilo, reduziu o ritmo dos passos na procura por um novo partido depois que a reforma política foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff (PT) prorrogando o prazo para migração partidária para março do ano que vem. “Parei essas conversas. Agora terei seis meses ainda para decidir”, sintetizou o dirigente do Legislativo baiano.
Nilo apostou todas as fichas na criação do Partido Liberal (PL), mas viu seus planos afundarem quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou o pedido de registro porque os organizadores não conseguiram entregar o número de assinaturas necessárias para validar a solicitação. Diante do naufrágio do plano A, o parlamentar começou a considerar o chamado plano B, que era o PSD, presidido na Bahia pelo senador Otto Alencar, sob a chancela do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, que era o principal idealizador do PL e pretendia fundir ambas as legendas, caso a nova agremiação fosse validada.
Como se diz nos corredores da Assembleia, Nilo quer um partido para chamar de seu, ou seja, ser o presidente na Bahia, algo que seria impossível no PSD, onde Otto é a figura maior. Segundo o senador, o entrave principal era o apoio que o presidente da Alba tinha em alguns municípios a um determinado prefeito, que poderia ser candidato contra algum pessedista nas eleições do ano que vem.
“Ele não vem [para o PSD] porque vai disputar eleição em diversos municípios que vai confrontar com o PSD. O meu lado contra o dele. Então, não posso dar o partido a ele contra nós ou contra um candidato a prefeito apoiado por um deputado do PSD”, disse Otto, que deu um exemplo do possível atrito. “Em Antas, na cidade onde ele [Nilo] nasceu, o prefeito é adversário dele. Eu não posso tirar o PSD do prefeito e dar ao candidato dele contra Vanderlei [Santana]. É cobrir um santo e descobrir outro”, argumentou.
No entanto, o impasse foi reconhecido por Nilo, o que o levou a pensar em outras possibilidades. “Eu me dou muito bem com Otto Alencar, mas o PSD é um partido consolidado na Bahia, onde é que eu vou colocar os meus prefeitos, os meus candidatos?”, admitiu.
Com o naufrágio do PL e o impedimento de ir para o PSD, Marcelo Nilo chegou a tentar um acordo para permanecer no PDT. Foi até o Rio de Janeiro, acompanhado do deputado Roberto Carlos (PDT), e se reuniu com o presidente nacional da legenda, o ex-ministro Carlos Lupi, mas não obteve êxito. Conforme informações obtidas pela Tribuna, a proposta era continuar no PDT, mas para isso Lupi teria que destituir o deputado federal Félix Mendonça Júnior da presidência da legenda na Bahia. “Ele [Nilo] me falou sobre a dificuldade de ir para outros partidos.
Disse que queria permanecer. Tenho uma boa relação com ele, mas fica difícil aceitar quando a condição dele é a saída de Félix [da direção do partido]”, revelou Lupi. Já Félix afirmou não estar preocupado e disse que Nilo poderá recorrer quantas vezes quiser a Carlos Lupi. “Cansei de contar as inúmeras vezes que ele já falou isso e nada acontece. Lupi disse a ele [no encontro no Rio]: ‘está bem, quer ficar, tudo bem. Vá lá e converse com Félix’. Mas ele [Nilo] não tem nível moral e intelectual para manter um diálogo”, disse Félix.
Com tantos entraves, a última opção especulada foi o Pros, partido que o governo estadual chegou a sondar na tentativa de levar a legenda para sua base, já que atualmente a sigla se encontra aliada ao prefeito ACM Neto (DEM). Onde Nilo se abrigar, deve se filiar também pelo menos nove deputados estaduais que o seguem e cerca de 80 prefeitos que têm no presidente a figura de líder político na Bahia. Matéria extraída na íntegra do jornal Tribuna da Bahia.