O Governo do Estado, por meio da Secretaria da Saúde (Sesab), publicou na edição desta quinta-feira (22) do Diário Oficial Estado a Portaria n° 1169, que institui a Política Estadual de Incentivo à doação de órgãos e tecidos, e de fomento à realização de transplantes na Bahia. Com a nova política, serão investidos recursos para ampliar o número de transplantes. Mais de R$ 10 milhões por ano serão investidos pelo governo estadual, “como forma de incentivo financeiro às etapas de doação, captação e transplante de órgãos, incluindo o pré e pós transplante. É um recurso suplementar aos valores já pagos pelo SUS [Sistema Único de Saúde]”, explica o secretário Fábio Vilas-Boas.
A ideia é que os recursos sejam utilizados, entre outras áreas, para reduzir as dificuldades na realização de transplantes, incluindo estímulo financeiro às equipes médicas e hospitais, até o investimento em equipamentos, exames e medicamentos de alto custo na capital e interior. O objetivo é desenvolver as atividades propostas em curto prazo – cerca de um ano. Entre as metas estão triplicar a doação e o transplante de córnea no primeiro ano, dobrar a doação de órgãos sólidos no primeiro ano, além de aumentar em 50% o número de transplantes de órgãos sólidos a partir de 2016 e nos anos seguintes, até zerar a fila de espera. A política estadual ainda prevê a realização de procedimentos que não vinham sendo feitos na Bahia, como o transplante cardíaco, desativado desde 2009, e que poderá ser retomado brevemente no Hospital Ana Nery.
Fila de espera
Atualmente, dois mil baianos estão na fila de espera por um transplante de órgão e a expectativa é reduzir esse número e, no caso de alguns órgãos, como a córnea, até zerar a fila de espera. Segundo o coordenador do Sistema Estadual de Transplantes, Eraldo Moura, uma das grandes dificuldades na ampliação do número de transplantes no estado é a autorização familiar para a doação.
Na Bahia, cerca de 70% das famílias com parentes em morte encefálica negam a doação. Por isso, atividades educacionais e campanhas de conscientização devem ser desenvolvidas. “O esclarecimento sobre o procedimento de doação deve começar desde cedo, e a equipe médica deve continuar sendo acompanhada, para estimular a realização de protocolos que comprovem a morte encefálica. Queremos reforçar a educação desde a infância, nas escolas, passando pelas academias e faculdades, educando os profissionais, participando mais ativamente na gestão dos hospitais e aumentando esses fluxos”, explica Moura.