Cansaço, pigarro, tosse com expectoração, falta de ar, dores no corpo, dificuldade para caminhar, subir uma escada e, em casos mais avançados, até para movimentos mais simples são alguns dos sintomas da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), ainda desconhecida e subestimada pela população. Em homenagem ao Dia Mundial da DPOC, a Associação Bahiana de Medicina, com apoio da Prefeitura Municipal de Salvador, promove no próximo dia 20 de novembro, das 8 às 12 h, na Praça da Piedade, um mutirão para diagnóstico da doença com a participação de médicos e estudantes de medicina de várias instituições que estarão atendendo voluntariamente. Dentro da programação comemorativa, no dia 17, às 19h30, na sede da ABM, em Ondina, haverá também uma palestra sobre o tema “Fisiopatologia da DPOC: como prevenir e tratar a doença”. A palestra será ministrada pelo pneumologista Guilhardo Fontes Ribeiro, diretor acadêmico da ABM.
Fumantes acima dos 40 anos ou com mais de 35 anos e sintomas respiratórios poderão realizar, gratuitamente, o exame de espirometria – que avalia a capacidade pulmonar e diagnostica a DPOC precocemente – no próximo dia 20, das 8 às 12h, na Praça da Piedade. Os fumantes serão aconselhados e encaminhados aos centros de referência para tratamento de tabagismo ou DPOC, caso o exame confirme a doença. Exames de glicemia e aferição de pressão arterial também poderão ser realizados no local. “Falta esclarecimento sobre a doença, boa parte da população não sabe o que ela significa. A ideia é conscientizar a população sobre a enfermidade e a importância da prevenção”, afirma Guilhardo Fontes Ribeiro.
Segundo o especialista, parar de fumar é uma das medidas principais que devem ser adotadas ao iniciar o tratamento, mas para grande parte dos pacientes é muito difícil largar o cigarro. “O tratamento humanizado, multidisciplinar e individualizado é fundamental para o paciente portador da DPOC”, destaca o médico. Doença inflamatória sistêmica e crônica dos pulmões, a DPOC acomete, geralmente, pessoas com mais de 40 anos de idade e é caracterizada por uma obstrução ou limitação crônica do fluxo do ar pelas vias respiratórias, que prejudica a respiração normal e compromete a capacidade respiratória. O tabagismo, a poluição do ar, a fumaça do forno a lenha e a exposição durante muitos anos a gases industriais estão entre os principais fatores responsáveis pelo desenvolvimento da doença, que causa danos que podem ser permanentes nas vias respiratórias.
Cerca de 7 milhões de brasileiros são portadores da DPOC, segundo estimativa do Ministério da Saúde. Na Bahia, a doença atinge aproximadamente 320 mil pessoas. Anualmente, cerca de 40 mil pessoas morrem em consequência da DPOC no país, o que corresponde a quatro pessoas por hora. Grande parte não é diagnosticada ou não recebe tratamento. Tosse e pigarro, sintomas minimizados por serem considerados comuns para quem fuma, geralmente, são os primeiros sinais da doença que em 80% dos casos é desencadeada pelo cigarro. Muitas vezes, os sintomas são pouco valorizados pelos próprios pacientes. “O paciente acometido pela DPOC tende a atribuir sua falta de ar nas atividades que exigem algum esforço à idade ou a falta de condicionamento físico”.
Pelo seu caráter sistêmico, a doença pode envolver múltiplos órgãos. “A DPOC não acomete exclusivamente o pulmão, pois a inflamação que se inicia no pulmão, principalmente em resposta a fumaça do cigarro, envolve vários outros órgãos. Tanto que as principais causas de morte em DPOC são as doenças cardíacas e cerebrovasculares, a embolia pulmonar e pneumonias”, explica Guilhardo Fontes. “Indivíduos com espirometria anormal têm grande propensão ao adoecimento, principalmente doenças cardiovasculares. A espirometria, assim como o exame de colesterol, é importante na prevenção de doenças cardiovasculares nos casos de fumantes”, acrescenta.
Não fumar, ter um estilo de vida saudável, alimentação balanceada, praticar atividades físicas regulares, evitar bebidas alcoólicas, tomar vacinação contra gripe e pneumonia e fazer uso regular das medicações prescritas pelo médico são algumas das recomendações do especialista para a efetividade do tratamento de portadores de DPOC. “Incentivar a espiritualidade, não importa a religião, ajuda certamente no tratamento de qualquer doença. Os pacientes não podem nem devem perder nunca a esperança”, afirma Guilhardo. “Fumantes com mais de 40 anos ou que apresentem tosse crônica, cansaço e dificuldade para atividades rotineiras devem procurar um especialista”, alerta o pneumologista.