A Marcha do Empoderamento Crespo em Salvador foi um ato político de afirmação da luta por cidadania para negras e negros. Assim declarou, nesta segunda-feira (9), o líder da oposição, vereador Luiz Carlos Suíca (PT), sobre o evento que tomou as ruas do centro da capital baiana no último sábado (7). Para o edil petista, o ato faz parte da agenda proposta pela juventude de esquerda e militantes de partidos políticos. “Quando a juventude traz essa questão do cabelo, do corpo e da estética, está também denunciando o racismo. E quando ela diz venha com seu cabelo alisado, eu sou black, ela lembra que os cabelos alisados na época da escravidão eram por castigo das senhoras de engenho, que alisavam para queimar o couro cabeludo da negra”, esclarece Suíca. Ainda conforme o petista, a juventude está mostrando outro viés do racismo e a marcha representa mais uma ferramenta.
“É como um grito de afirmação, para dizer que nós queremos mais universidades, mais segurança, não queremos morrer nem ir para o tráfico, queremos mais empregos, trabalhar nos melhores lugares, pois somos todos capazes, independente de gênero ou cor da pele”, dispara. Suíca salienta que na luta contra a segregação nos Estados Unidos, Malcolm X, Martin Luther King e Abu-Jamal, por exemplo, se manifestavam de diferentes maneiras, cada um do seu jeito. “Todos conquistaram espaços e hoje vemos negros empresários, ocupando altas posições no norte da América. Claro que não acabou a pobreza dos Estados Unidos, mas você tem mais espaços de poder. No Brasil, fica essa falsa democracia racial, onde só quem tem espaço de poder são os brancos. É só você ver nossa Assembleia Legislativa, a Câmara de Vereadores, o Congresso Nacional, ou qualquer outro espaço político”.
Suíca identifica que a juventude se propõe a ocupar este espaço de transformação no Brasil e que a participação de todos para a renovação de quadros com a juventude é fundamental para dar o pontapé inicial. “Temos de dar a oportunidade para a juventude ocupar este papel, assim como aconteceu na última sexta com a ocupação de espaço feita pela Sepromi [Secretaria da Promoção da Igualdade Racial] no Museu de Arte Moderna, com o lançamento do Novembro Negro, um espaço que nunca foi reservado para os negros. Houve ainda lançamento de duas exposições com artistas negros. Esses espaços sempre foram negados, agora que temos a oportunidade temos que ocupar e apresentar a cultura e arte negra”.