Um dos críticos ferrenhos à atuação do governo baiano no combate aos incêndios florestais na Chapada Diamantina, o presidente dos Combatentes de Incêndios Florestais de Andaraí (Cifa), Homero Vieira, voltou a elevar o tom sobre as atividades desenvolvidas. Nesta quarta-feira (18), após o dia combatendo o fogo na região de Mucugê, Vieira foi entrevistado pelo Jornal da Chapada e soltou o verbo. “Sempre falei da criação de uma diretiva para organizar os combates, justamente para evitar desperdício de recursos e energias dos brigadistas, que estão exaustos. Uma diretiva de prevenção e combate aos incêndios florestais seria a principal meta do governo se ele realmente quisesse fazer algo de concreto. Conversa bonita e mãos cheias de doces não resolvem o fogo na Chapada Diamantina”, dispara Homero.
O combate aos focos de incêndios já dura 21 dias e as chamas já consumiram mais de 15 mil hectares de mata, destruindo a fauna e a flora do local. Para Vieira, não existe pensar em plano para incêndios sem pensar em uma diretiva e comenta a experiência colocada em prática em Mucugê. “Tecnicamente falando, a atuação do governo só mostra desconhecimento do assunto, apenas isso. Em Mucugê, temos até uma assessora de imprensa e estamos tendo avanços, mesmo com o clima quente e pouca umidade. Há mais de 30 anos tenho ouvido discursos e promessas bonitas, mas depois que os incêndios se vão, as promessas vão juntas”.
De acordo com Homero, construir estratégia de acordo com a situação é arriscar demais, por isso essa catástrofe foi instalada na Chapada Diamantina. “O que não se pode é fazer de um combate uma Torre de Babel. Conheço o empenho participativo do governador Rui Costa, mas não se elabora um plano e muito menos uma diretiva do dia para noite. Isso acontece com muita conversa e comprometimento”, completa.
Sobre incêndios
O fogo segue castigando municípios como Lençóis, Palmeiras, Mucugê, Ibicoara, Iraquara, Seabra e Jacobina (Chapada Norte). Fotos publicadas no Facebook pelo artista plástico Dmitri de Igatu, apontam a dimensão do combate envolvendo as brigadas voluntária de Mucugê e Igatu ao incêndio florestal nas proximidades do Rio Cumbucas, em Mucugê.
Álbum de fotos do artista Dmitri de Igatu. Combate na região do Rio Cumbucas:
“Depois de 10 horas de combate, apagamos cerca de 14 quilômetros de uma linha de fogo monstruosa, a principal linha que ia para o norte em direção ao cânion da Cachoeira dos Cristais foi totalmente apagada, mas a linha que vai para o Sul continuava forte mesmo com a neblina e frio da noite”, aponta em relato Dmitri.
Os brigadistas combateram o fogo até de manhã, onde duas cabeças voltaram por volta das 8h. “Sem forças e sem água, fomos obrigados a recuar para o Rio Cumbucas, que estava cerca de 2h de caminhada, sem trilha e sem água, essa é a triste realidade dos voluntários no combate de incêndio na Chapada Diamantina, força a todos os guerreiros de Ibicoara, Vale do Capão, Lençóis e todas a Chapada”, completa. Brigadistas reclamam da falta de auxílio para combater o fogo na serra do Contréia, em Seabra, e publicam vídeo em redes sociais indignados.
Jornal da Chapada
Confira o vídeo dos brigadistas em Seabra cobrando apoio para conter o fogo:
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