“A Festa de Santa Bárbara é uma das manifestações populares religiosas mais antigas e permanentes da Bahia, remontando o ano de 1639, quando o casal Francisco Pereira e Andressa Araújo construiu uma capela devocional no bairro do Comércio, às margens da Baía de Todos os Santos”. Com essa afirmação, o diretor geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), João Carlos de Oliveira, começa a explicar a importância desse festejo. “Desde 2008 a manifestação já é registrada através do Ipac como Patrimônio Imaterial da Bahia”, lembra João Carlos. Devotos brasileiros e até de fora do Brasil chegam anualmente em Salvador no 4 de dezembro para participar da festa. A capela de Santa Bárbara foi construída no século XVII em um morgado de mesmo nome de propriedade do casal Francisco e Andressa.
“Morgado ou morgadio é uma forma de organização comercial familiar cujo espólio é passado de pai para o filho, ou filha, primogênitos”, diz o diretor do Ipac. Atualmente, a travessa Santa Bárbara no Comércio, fica onde está o prédio do antigo Banco Econômico, próxima à Praça da Inglaterra. Com o tempo, o espaço se transformou em Mercado de Santa Bárbara.
Baixa dos Sapateiros
De acordo com a antropóloga do Ipac e autora do artigo ‘O Culto a Santa Bárbara na Bahia’, Nívea Alves, depois de incêndios no mercado do Comércio, é inaugurado em 1874 um novo Mercado de Santa Bárbara na Rua da Vala, depois, Baixa dos Sapateiros ou Avenida José Joaquim Seabra. “Esse mercado tinha Nossa Senhora da Guia como padroeira, mas mudou para reverenciar Santa Bárbara”, afirma Nívea. A partir daí, a festa começa a ser realizada no Pelourinho.
Segundo dados da pesquisadora, depois de sair do Comércio, a imagem da santa foi para a Igreja do Santíssimo Sacramento, na Rua do Passo, perto do Largo do Carmo. “A partir de 1987 a imagem passou a ser guardada na Igreja do Rosário dos Pretos”, conclui a antropóloga do Ipac. Atualmente, após uma missa campal celebrada em um palco no Largo do Pelourinho, começa uma procissão que percorre ruas do Centro Histórico. No roteiro, o Largo do Pelourinho, Terreiro de Jesus, Praça da Sé, Praça Municipal, Ladeira da Praça e a sede do Corpo de Bombeiros, onde a santa é homenageada por ser padroeira desses combatentes do fogo.
Palco e Pintura
A procissão segue depois pela Baixa dos Sapateiros até o Mercado de Santa Bárbara onde é servido um farto Caruru, patrocinado pelo governo estadual através do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI). O mercado recebeu nova pintura interna e externa do Ipac. A montagem do palco, produção do som e logística da festa é feita pelo CCPI.
O Ipac também fez reparos e pinturas na Igreja do Rosário dos Pretos cuja Irmandade organiza a festa. Os interessados podem baixar gratuitamente o livro do Ipac ‘Festa de Santa Bárbara’ no site www.ipac.ba.gov.br, no lado esquerdo da primeira página, no link ‘Publicações para download’ e, depois, no link ‘Cadernos do Ipac’.