Manchas escuras foram avistadas na Baía de Todos os Santos após sobrevoo na manhã da última sexta (8) realizada pelo secretário de Meio Ambiente, Eugênio Spengler. Os técnicos recolheram amostras da água para análise. Há uma suposição de que a mancha possa ser resquício da lama de rejeitos de minérios que viajou por Minas Gerais e Espírito Santo pelo Rio Doce e desembocou no mar após o rompimento da barragem da empresa Samarco no município de Mariana. Segundo o secretário, o governo já estuda medidas de punição contra a Samarco.
“Caso se confirme que se trata da lama da mineradora obviamente tomaremos todas as medidas”, disse ele, que também realizou dois sobrevoos na costa sul da Bahia, de Trancoso ao arquipélago de Abrolhos na última sexta. As amostras foram levadas pelo Inema e pela Samarco e o resultado das análises deve ficar pronto em 10 dias. Os pontos onde as manchas foram avistadas foram registrados geograficamente e a qualidade das praias e da água também serão estudadas. Segundo Spengler, não há motivo para restrições nas praias até o momento.
“As informações apontam para a necessidade de uma análise técnica mais precisa. A gente precisa ter cautela nesse momento para identificar tecnicamente a origem do material. Não existe elemento hoje que aponte para a necessidade de interdição ou de restrição para o uso de praias por conta dessa situação.” Em nota, a Marinha informou que também acompanha o caso. A instituição divulgou a realização de uma sondagem preliminar nas proximidades do arquipélago, não tendo observado vestígios da mancha.
Lama em Abrolhos
Os presidentes do Ibama, Marilene Ramos, e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Claudio Maretti divulgaram na quinta-feira (7) a informação de que a lama proveniente do vazamento da barragem da Samarco, em Mariana, tinha chegado ao sul da Bahia e alcançando a região do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, que fica a 250 km da foz do Rio Doce.
Entre os locais em que as manchas foram avistadas estão Caravelas, Trancoso e o entorno de Abrolhos, arquipélago de maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul. A região reúne recifes de corais, algas, tartarugas e baleias jubarte. A ministra do meio ambiente, Izabella Teixeira, disse em novembro que a lama com rejeitos não deveria chegar ao parque.
De acordo com Marilene Ramos, presidente do Ibama, os ventos fortes recentes acabaram impulsionando a mancha, que seguia para o litoral sul do Espírito Santo, mas também passou a se espraiar no sentido norte. “Fizemos um sobrevoo na região das praias do Sul da Bahia e do Parque de Abrolhos e já registramos a presença de material, de uma lama, que pelo aspecto visual, pela forma que foi avistada, tudo indica que seja a própria mancha, bastante diluída, que está se estendendo ao longo do litoral do Espírito Santo”, afirmou a presidente do Ibama.
Embora de forma pouco concentrada, os sedimentos somam uma área de 6.197 km2. Os sedimentos podem impactar a biodiversidade de fitoplâncton, algas e corais de Abrolhos – um dos principais patrimônios ambientais do Brasil. “Ter essa lama no mar é como colocar uma camada de fumaça em cima da Mata Atlântica”, comparou o presidente do ICMBio, Cláudio Maretti.
O órgão informou que o parque não será interditado, pois o monitoramento das águas tem indicado que não há metais pesados ou substâncias tóxicas na água. Espírito Santo Três praias de Linhares, na região norte do Espírito Santo, foram interditadas pela prefeitura da cidade, nesta quarta-feira (6). De acordo com o órgão, as praias de Pontal do Ipiranga, Degredo e Barra Seca estão impróprias para banho. Toda região foi afetada pela lama de rejeitos da mineradora Samarco. As informações são de Correio24horas.