O preço do “não” para Ludmylla de Souza Valverde foram oito pontos na altura da sobrancelha e perda de muito sangue, levando-a ao desmaio. O motivo da agressão? Um fora dado por ela e sua irmã, aniversariante do dia. A cena que reflete a mais pura essência do machismo aconteceu na sexta-feira (5) na passagem do Aviões do Forró no circuito Dodô (Barra-Ondina).
Dois homens vieram em direção às duas irmãs. Um deles assediou Thaianna de Souza Valverde. O agressor passou a mão nos lábios da vítima borrando seu batom. Em seguida, tentou limpar as mãos no corpo da jovem. Ludmylla interveio em defesa da irmã e logo foi repreendida: “você é muito ignorante. Se não sabe brincar fica em casa”.
Contrariados, eles empurraram Ludmylla contra um isopor. A jovem caiu e em seguida outro rapaz arremessou um copo de acrílico no rosto da jovem. Ela foi atingida na região dos olhos. “Esses monstros não admitiram receber um não. Não admitiram a gente não querer interagir com eles. Não admitiram que poderíamos estar na rua e querer brincar sozinhas sem ser assediadas violentamente por eles”, disse a vítima.
O Carnaval é uma grande brincadeira. Isso todos nós concordamos. No entanto, “brincadeiras” têm limite e o respeito é a linha que define até onde se pode ir. Apesar das campanhas que abordam a violência contra mulher e do trabalho feito pela Secretaria Municipal de Reparação com equipes de observação nos circuitos da folia muitas mulheres ainda sofrem com a “coisificação” da mulher e subserviência aos desejos masculinos.
No dia seguinte à agressão Ludmylla iniciou sua saga. Passou o dia registrando boletim de ocorrência e realizando exame de corpo delito, além de cuidar dos ferimentos, que não são apenas físicos “O que mais dói é sentir na pela o peso do machismo da nossa sociedade”, desabafa. O processo de denúncia é doloroso, muitas vezes constrangedor e burocrático, mas é essencial para punição dos agressores. Matéria extraída do site Aratu Notícias.