Após as chuvas dos últimos meses na região do Vale do São Francisco, situado no Norte da Bahia, a esperança de bons tempos voltou aos moradores locais. No entanto, apesar do aumento dos níveis do lago de Sobradinho, que quase chegou a seu volume morto, a situação ainda é preocupante. Segundo o boletim da Agência Nacional de Águas (ANA) o volume útil da represa está em 26%. Isso se deve à elevada vazão de afluência de 5,5 mil m3/s, 14% superior à média histórica do período 1931-2014 e 295% superior à média dos últimos dois anos para o mês de fevereiro.
Porém, este dado não representa segurança no tocante aos diversos usos da água do São Francisco, se considerar que a vazão de defluência do lago é regulada conforme os interesses dos grandes empreendedores, de modo que em meados de 2014 o volume do lago foi reduzido num ritmo de 6% ao mês e em 2015 em 1,5% ao mês, chegando ao final do ano com menos de 2% do volume útil. Isto significa que ao final deste ano o cenário do ano anterior pode se repetir.
É importante destacar que em situação de crise os setores com menor poder econômico sofrem mais diretamente. André Rocha, coordenador do Eixo Clima e Água do Irpaa, lembra que em outubro e novembro de 2015 o abastecimento humano de algumas cidades da borda do lago ficou comprometido, no entanto os grandes perímetros irrigados continuaram usando a água regularmente, contrariando a Lei 9.433/97 que estabelece priorizar o abastecimento humano e animal em momentos de escassez.
Causas
A diminuição da disponibilidade hídrica em algumas regiões do país conta com diversas outras causas, além da seca, dentre elas a elevada supressão vegetal de alguns biomas como a Amazônia brasileira, o Cerrado e a Caatinga que já contam com, respectivamente, 18%, 50% e 48% desmatados. Soma-se a isso o uso descontrolado da água no Brasil, pela indústria (média de 22%) e pelo agronegócio (média de 72%). Com informações do IRPAA.