A presença da população durante os dois dias da reunião para discussão, elaboração e construção do Programa de Governo Participativo (PGP) do município de Nova Redenção, na Chapada Diamantina, visando as eleições municipais de outubro de 2016, mostrou a força da oposição à prefeita Ana Guadalupe Azevedo (PSD). No evento, que aconteceu no final de semana passado, 20 e 21 de fevereiro, sábado e domingo, os aliados e simpatizantes do PT, unidos a representantes dos diretórios municipais dos partidos aliados PDT, PSB, PP, PRP, todos liderados pelo ex-prefeito Ivan Soares, reuniram-se com a população da sede e da zona rural, no Clube Paraguaçu.
A abertura do evento foi realizada no sábado (20) e lotou o clube que não havia cadeiras suficientes para acomodar todos os presentes. Entre as lideranças presentes, destaque para o ex-prefeito, os vereadores Ariston Teles (PT), Wherbiston dos Anjos (PP), conhecido como Tom da Topic, a professora Márcia Benevides (PT), além do vereador Aldo de Toninho, do ex-vereador Ademazinho, e de Rodrigo Ribeiro e Ademar da Cooteba. Prestigiou o evento também, o deputado estadual e líder do governo na Assembleia Legislativa, Zé Neto (PT).
Em seu pronunciamento, o parlamentar petista chamou a atenção para a importância da participação popular na construção de uma cidade melhor, e ressaltou a importância da fiscalização da gestão municipal, colocando seu mandato à disposição para que a população consiga colocar Nova Redenção novamente nos trilhos do desenvolvimento econômico e social.
Já o ex-prefeito Ivan Soares foi aplaudido pela população presente ao se pronunciar. Soares explicou a importância da realização do Plano de Governo Participativo, defendendo a participação popular na política “como mais um mecanismo de fiscalização da gestão pública”. Ivan lamentou a maneira com que a gestão do município vem sendo conduzida em todas as suas áreas e setores de atuação. A reunião ultrapassou as 23h, mas a população e militantes continuavam no Clube Paraguaçu ouvindo os políticos.
Enquanto acontecia o PGP, a prefeita realizava uma festa na praça pública de graça, segundo informações, essa festa foi mobilizada em cima da hora para desmobilizar a realização do evento da oposição. “Eles acreditam que a população não tem condições de discutir os rumos da cidade, acham que podem enganar o povo, sumir da cidade e aparecer no ano de eleição apertando a mão e abraçando todo mundo. Acreditam que isso vai resolver o descaso de quase quarto anos. O povo está esperto, a população quer participar cada vez mais dos processos de discussão e decisão”, diz Ivan Soares ao fechar o seu discurso.
Carlão e Bainho, representantes dos movimentos sociais na mesa de abertura, chamaram a atenção para o descaso com a zona rural na atual administração municipal, relatando a inexistência de políticas para a agricultura familiar, a falta de manutenção das estradas vicinais. Eles questionaram para que servem as máquinas da prefeitura recebidas pelo Programa de Aceleração do Crescimento do governo Dilma (PAC). Os dois agricultores criticaram também a falta de água na zona rural. “A prefeitura simplesmente não dá manutenção aos sistemas, e, nesses últimos três anos, o povo da zona rural voltou a consumir água dos barreiros e/ou depender do caminhão pipa da prefeitura que demora muito para chegar”.
Vereadores relatam irregularidades da prefeita
Já os vereadores organizaram uma prestação de contas de seus respectivos mandatos e apresentaram críticas na condução da gestão municipal, dando como exemplo os contratos com cooperativas que têm assustado a população pelos seus valores altíssimos e, sobretudo, pelo serviço realizado que não condiz com o serviço presente no contrato. O edis também criticaram o despejo de 26 estudantes da casa de estudantes no dia 31 de janeiro. Segundo os mesmos, a prefeita será lembrada na história do município como a prefeita que fechou a Casa de Estudantes na contramão da história e da cultura das prefeituras atuais.
Os legisladores municipais ainda acusaram a prefeita de entregar as comunidades da Lagoa da Piranha para Andaraí e o povoado de Bom Jesus para Boa Vista do Tupim, alegando que a prefeitura não compareceu a nenhuma reunião que seria discutido os limites territoriais da cidade. Acabou perdendo duas comunidades sem nem ter comparecido para fazer a defesa do município.
No domingo (21) houve a apresentação da metodologia da formulação de propostas, foram 11 grupos de discussão: Educação, Saúde, Agricultura, Juventude, Infraestrutura, Segurança, Ação Social, Esporte, Turismo, Cultura e Comércio. Os grupos discutiram e formularam propostas para a construção de uma cidade melhor. “A população ficou feliz pelo espaço, pois nunca aconteceu algo assim, onde a população formula o plano de governo, onde qualquer pessoa pode transformar suas críticas e sugestões em propostas a serem cumpridas por uma possível gestão futura”, destaca o jovem Ronilton Souza de Almeida.
Jornal da Chapada
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