Operários trabalham nas obras da linha 2 do metrô, na Avenida Paralela, em Salvador, e uma das atividades é a de soldador, importante para a solidez da estrutura. O trabalho é árduo e exige força física. No meio da equipe, uma surpresa. Quando os equipamentos de segurança são retirados, o batom não deixa dúvida e um dos soldadores se revela na operária Roselma Oliveira, moradora de São Marcos, 35 anos, mãe de três filhas. Apesar do trabalho atípico para a maioria das mulheres, a rotina se parece com a de milhões de baianas. “Eu acordo às 4h30 para deixar o almoço da família pronto, vou para o trabalho e, vez por outra, sou convocada para fazer hora extra”.
Roselma enfrenta todos os dias o terceiro turno, já que depois do trabalho tem ainda os afazeres de casa, mas afirma que se orgulha de suas conquistas pessoais e profissionais. “Eu encontrei dificuldades nessa profissão por ser mulher, porque existe o preconceito. Tem gente que não dá nada por você. Acham que não vou fazer o que um homem faz. As pessoas passam, assim, a não acreditar no trabalho da mulher. Acham que o homem faz melhor. Mas não é assim, não”.
Responsabilidade
Não é apenas na construção civil que as mulheres estão assumindo responsabilidades tradicionalmente masculinas. Responsabilidade, aliás, é uma das principais características do trabalho de Gisele Ventura, 26. Casada, mas ainda sem filhos, ela está há um ano e sete meses trabalhando no metrô. Há oito meses, é uma das nove mulheres que operam os trens. Ela conta que entrou na CCR para trabalhar no atendimento. “Depois de um ano eu me interessei pelo cargo de operadora, achava bonito, mas pensava que era exclusividade para os homens, até que eu descobri que a empresa abria oportunidade para mulher também fazer parte da função”.
Gisele fala da responsabilidade diária de carregar até mil pessoas em uma única viagem do metrô. “Às vezes, as pessoas acham que na cabine é tudo automático, mas é muita responsabilidade, temos que estar preparados para restabelecer falhas no trem, somos responsáveis pelas vidas que transportamos. São várias pessoas usando o metrô para ir ao trabalho, para voltar para casa. Nós temos autonomia para frear o trem em caso de pessoas ou animais na via. É muita responsabilidade”.
Segurança e postura
Para pegar o metrô, os passageiros passam pela entrada das estações, onde os agentes de segurança estão a postos para dar orientações e resolver possíveis problemas, usando, se necessário, a força. Embora seja uma profissão em que os homens são predominantes, também há espaço para as mulheres, como é o caso de Jacinta Chagas, 39, que já passou por situações mais delicadas e até perigosas.
Trabalhar com o público não é um problema para Jacinta. “A gente trabalha com atendimento e eu gosto muito. Já aconteceu de eu ter que ajudar colegas que estavam nervosos com alguma situação. Eu precisei chegar, me impor e consegui contornar a situação sem haver agressão, sem alterar o tom, sempre tratando bem os clientes”, garante. A aposentada Eloína Lima, 70, foi atendida por Jacinta logo na entrada da Estação da Lapa. “Ela impõe segurança e é muito educada. A gente confia mais quando a pessoa nos trata com gentileza, educação, mas também se impondo”. As informações são da Secom-GOVBA.