Hoje, 8 de março, é celebrado o Dia Internacional da Mulher. Nessa data, parabenizo todas as mulheres que, como eu, batalham pela sobrevivência, com garra, disciplina, humildade e honestidade. Todos sabem que o preconceito é um marco presente na vida da humanidade e a mulher não ficou de fora. Eu mesma, ao longo da minha história de vida pessoal e profissional fui desafiada muitas vezes por homens, pelo trabalho e, principalmente pela sociedade machista e racista que perdura no Brasil. A certeza do querer foi a minha grande aliada para vencer estes desafios, além de saber que não era vergonha lutar pelos meus direitos.
Para quem ainda não sabe, no dia 8 de março de 1857, em uma fábrica de tecidos em Nova York, trabalhadoras fizeram uma greve para reivindicar por direitos legais. Elas pediram a redução da carga horária de trabalho de 16h para 10h, e também salários equivalentes aos dos homens. Isso porque o tipo de serviço executado era o mesmo. As mulheres também pediram melhores condições de trabalho. A reação das indústrias não foi a esperada pelas trabalhadoras. Elas foram tratadas de forma desumana e a fábrica foi incendiada com todas ainda dentro, resultando na morte de quase 130 mulheres. Esse fato marcou o início das lutas das seus direitos em todo o mundo.
Sabemos que as mulheres estiveram sempre subjugadas às vontades dos homens, mesmo as mais independentes economicamente falando. Até bem pouco tempo, os trabalhos que sobravam para as mulheres eram de serviçais, sem receber nada pelo seu desempenho, ou então, ganhavam um salário injusto, que não dava para sustentar sua família. Em razão desses e de tantos outros modos de discriminação, as mulheres se uniram para buscar mais respeito, ao seu trabalho e à sua vida. Principalmente se essas mulheres fossem negras. Hoje, mais da metade da população é do sexo feminino e as mulheres estão mais qualificadas para o mercado de trabalho que os homens. Apesar disso, as mulheres ainda seguem recebendo salários menores e são as maiores vítimas da violência doméstica familiar.
A cada uma hora no mundo uma mulher é morta vítima de violência doméstica. Um dado que atinge toda a população, mas afeta ainda mais as mulheres negras e pobres de periferia. Mas, querendo ou não, hoje, a mulher é a protagonista da sua história, embora ainda sofra com as heranças do nosso sistema social patriarcal, machista e preconceituoso. Conquistamos independência e autonomia, temos mulheres se destacando em todas as camadas da sociedade, temos mulheres nos três poderes da República, enfim, onde tem trabalho, pode notar, tem sempre uma mulher em destaque.
Deninha Fernandes é editora-chefe do Jornal da Chapada