Após divulgação de dados sobre os baixos investimentos do município de Salvador em saúde, o vereador Luiz Carlos Suíca (PT) voltou a falar sobre a necessidade de ampliação da pasta para atenção especializada à mulher e criticou a situação de violência obstétrica. “Temos encaminhado projetos à Câmara de Salvador que orientam o poder público em criar ações preventivas de saúde das mulheres. Por questões culturais e de gênero, muitas são vítimas de preconceito e discriminação”, diz. O edil frisa ainda sobre a importância de orientar profissionais de saúde e a população sobre as situações constrangedoras que as mulheres sofrem na hora do parto. “Sugerimos a adoção de campanhas educativas, elaboração de cartilhas, e, para humanizar o parto, cobramos a permissão de atuação das doulas nos hospitais e maternidades de Salvador. O trabalho deve ser contínuo”, completa.
Uma em cada quatro brasileiras sofre com violência obstétrica no Brasil, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Quem protagonizou essa infeliz realidade numa maternidade de Salvador foi Valdenice Azevedo. “Na minha primeira gravidez, não fui informada sobre procedimentos dos médicos. Então, senti muitas dificuldades em entender o que estava acontecendo comigo”, conta. Ela revela que foi “desrespeitada e abandonada pela equipe obstétrica”. “Sentia tantas dores que mal conseguia ficar parada, mesmo deitada. Eles [da equipe] amarraram meus braços com panos numa maca e só fui amparada por uma doula que minha tia contratou, que cuidava do meu asseio”. Hoje, aos 43 anos de idade, ela alerta ao poder público sobre o caso. “A gente precisa discutir e cobrar dos nossos representantes [políticos] ações que ofereçam apoio a mulheres, de forma digna e humana”, conclui.
Na última semana, Suíca encaminhou propostas aos Executivos Estadual (PIN nº 39/2016) e Municipal (PIN nº 40/206) sobre a criação dos “Espaços das Doulas”. Os projetos pretendem ampliar a Rede de Atenção à Saúde das Mulheres no período de gestação. A intenção é que elas tenham alternativas à realização do parto em locais estrategicamente seguros e privativos nos entornos de unidades obstétricas. De acordo com os documentos, a proposta é conceder alternativas do parto normal, por meio de instalações e recursos adequados para o trabalho de doulas, contando com a possibilidade de atendimento emergencial, caso haja complicações no parto”.