O presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR), subiu na segunda (18) à tribuna do Senado para responder as acusações da presidenta Dilma Rousseff de que o vice-presidente da República, Michel Temer, tem conspirado para tomar o governo e sua posse seria uma forma de eleição indireta. “Me desculpe a presidente. Não tenho nada contra ela, mas verdades têm de ser ditas. A primeira delas é que a presidente não tem nenhuma condição moral de criticar o vice-presidente Michel Temer, porque, na hora de formar a chapa, ele era o melhor homem do mundo”, disse Jucá no discurso. Ele lembrou que 42% do PMDB foi contra a formação da chapa com Dilma para a Presidência em 2014, mas a decisão de continuar no governo prevaleceu e Temer foi o indicado para vice. Para o senador, a entrada dele na chapa foi decisiva para que Dilma se reelegesse presidente e, portanto, isso significa que ele terá legitimidade se tomar posse após o impeachment.
“Michel Temer veio para a campanha trazendo o maior partido do Brasil. O PMDB elegeu o maior número de governadores: sete. Será que ela teria ganho a eleição se o Michel Temer não fosse o vice na chapa da presidente Dilma? Com 3 milhões de votos de diferença? Com 51 milhões de votos para Aécio Neves e 35 milhões de brasileiros que deixaram de votar? Se nós pegarmos a maioria do povo brasileiro, essa maioria não elegeu a presidente Dilma”, acrescentou. Ele também criticou a acusação da presidenta de que o Congresso não a deixou governar desde a posse, em 2015, porque atacou o governo com as chamadas pautas-bomba. Segundo Dilma, apenas cinco dos projetos que o Congresso ameaçou aprovar poderiam ter impacto de R$ 140 bilhões. “O Senado não aprovou pauta-bomba. O governo não pode reclamar disso”, afirmou Jucá.
O presidente do PMDB também respondeu à acusação de que o impeachment foi motivado por um plano de vingança do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Dilma alegou que Cunha acatou o pedido porque o PT se recusou a dar três votos a favor dele no Conselho de Ética da Câmara. Para Jucá, isso significaria dizer que “alguém que dá um despacho fosse o dono da verdade ou da vontade da maioria dos congressistas do país”. Ele fez as contas dos votos na sessão de domingo (17) da Câmara e lembrou que o governo obteve os mesmos 137 votos que conseguiu para o petista Arlindo Chinaglia (PT-SP) no ano passado, na disputa eleitoral para a presidência da Câmara contra Eduardo Cunha e o deputado Julio Delgado (PSB-MG). “E os votos contra o governo? Foram 367 votos. Os mesmos 267 votos que teve o Cunha, mais os 100 votos do Julio Delgado. Porque eu estou dizendo isso? Para mostrar que, nesse um ano e quatro meses, o governo não teve capacidade de agregar um único deputado à sua base”, concluiu Jucá. Da Agência Brasil.